Yamandú Orsi, candidato presidencial do Uruguai pela Frente Ampla e pupilo do ex-presidente José “Pepe” Mujica, prometeu nesta quarta-feira (20) inaugurar “uma esquerda moderna” se vencer as eleições no país, neste domingo (24). As pesquisas mais recentes mostram que ele é favorito, com 49% das intenções de voto. Mas a disputa deve ser acirrada: seu rival, Álvaro Delgado, do Partido Nacional – a centro-direita do atual presidente, Luis Lacalle Pou –, tem 46%.
Ex-professor de história, Orsi, 57 anos, venceu o primeiro turno, em 27 de outubro, com 43,9% dos votos. Delgado, porém, conquistou 26,8% dos votos, o que foi suficiente para levar a disputa ao segundo round, e agora uniu forças com o Partido Conservador Colorado, uma legenda menor que garantiu 16%. As duas siglas fizeram o mesmo em 2019, vencendo a eleição.
Nenhuma coalizão tem maioria absoluta no Congresso após as eleições de outubro, mas a Frente Ampla conquistou 16 das 30 cadeiras do Senado. Orsi argumenta que isso o coloca em uma posição melhor para liderar o governo.
“Esquerda moderna”
O esquerdista tentou tranquilizar os uruguaios, dizendo que não quer uma mudança brusca na política. Mas ele diz querer inaugurar “uma esquerda moderna” para lidar com o problema de moradia, a pobreza e o crime, preocupações fundamentais dos eleitores.
As taxas de homicídio no Uruguai aumentaram acentuadamente nos últimos anos, alimentadas pela mudança nas rotas de tráfico de cocaína. A taxa de pobreza é uma das mais baixas da região, mas instituições de caridade dizem que continua afetando as crianças desproporcionalmente. Orsi defende que Frente Ampla já foi capaz de atingir um equilíbrio diferente entre bem-estar social e crescimento econômico.
Ele tem o apoio do ícone esquerdista Pepe Mujica, um ex-guerrilheiro que lutou contra a ditadura, foi preso, e depois virou presidente, mas também de grupos moderados que gostam de seu tom favorável aos negócios. “Sou de esquerda, é claro”, disse Orsi. “Mas no Uruguai a esquerda tem muitas faces.”
Como prefeito de Canelones, a segunda maior região do país, ele reduziu a burocracia para atrair investidores e empresas internacionais como o Google, com algum nível de sucesso. Se eleito presidente, ele prometeu evitar aumentos de impostos, apesar da dívida pública crescente, e se concentrar em estimular um crescimento mais rápido do PIB.