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Governador do Paraná, Ratinho Júnior Rodrigo Felix Leal/AEN
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terça-feira 11 de junho de 2024 às 05:27h

A estratégia discreta e silenciosa de Ratinho Júnior na corrida rumo ao Palácio do Planalto

ELEIÇÕES 2026, NOTÍCIAS


Ainda faltam praticamente dois anos para que o sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja escolhido. Mas, como nunca é cedo para começar, pelo menos cinco governadores da chamada centro-direita estão ventilando seus nomes como postulantes à Presidência da República. Com partidos, métodos e estratégias diferentes, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), acompanham o desempenho da popularidade de Lula nas pesquisas, em geral, nunca respondem que, sim, disputarão a candidatura presidencial e vão calibrando a exposição pública.

E, mais do que medir as chances que poderiam ter nas urnas, eles estão de olho na preferência “do eleitor”, o ex-presidente Jair Bolsonaro, cuja escolha pode, se não decidir, pelo menos influenciar fortemente a votação de qualquer candidato. Nessa corrida camuflada dos possíveis presidenciais nos Estados, a maior vitrine está com Tarcísio de Freitas, que inclusive recebe afagos mais frequentes do ex-presidente. O que não quer dizer que outros nomes menos visíveis estejam sem ação.

Com bem menos exposição na mídia nacional do que os demais postulantes, Ratinho Júnior age quase que como um outsider. Mal parece filho do ex-deputado e apresentador, Carlos Roberto Massa (o Ratinho) que, com a voz sempre acima do tom normal, irreverente e dono de um vocabulário bastante inapropriado, apresenta programas populares em canais de TV.

Sem levantar a voz e com jeito de menino, há poucos dias em um programa de entrevistas na televisão lhe foi perguntado se pensava em concorrer ao Palácio do Planalto no próximo pleito. Saiu pela tangente e optou por dizer que o Brasil possui uma “safra muito boa” de gestores estaduais que podem disputar a Presidência. Mas deixou em aberto a possibilidade de dialogar com os demais governadores. E explicou: “A minha geração está sendo governada, há 40 anos, pela geração da década de 1950 e 1960, que fizeram a sua parte. Ajudaram o Brasil. Agora, a minha geração tem a obrigação de apresentar uma proposta ao País. Isso quer dizer que eu tenho que ser protagonista? Não. Posso ser coadjuvante, colaborador. Pode que esses governadores se reúnam e possam ter um nome de consenso”.

Aliados apontam que Ratinho, apesar de estar no segundo mandato como governador, não tem pressa para concorrer, até pelo fato de ter apenas 43 anos. “Não vejo ansiedade nele por uma candidatura presidencial”, disse um assessor do governador. “O estilo dele é muito tranquilo”, completou o senador Omar Aziz (PSD-AM). Outro ponto a favor do governador, na opinião de correligionários, tem sido sua agenda, por enquanto muito mais voltada aos atos administrativos do que às articulações políticas. “Ele seria um grande candidato e uma boa alternativa a essa polarização que não leva a nada”, observa o senador Oriovisto Guimarães (Podemos-PR).

Enquanto Ratinho Júnior se mantém discreto, outros nomes já puseram o bloco na rua. Entre eles, um dos mais atuantes é o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Com uma administração bem avaliada – especialmente nas áreas de educação e segurança – e o aval do vice-presidente do União Brasil, Antônio Carlos Magalhães Neto, Caiado tem conquistado o ex-presidente Bolsonaro.

Integrantes do PL têm comentado que o ex-capitão já demonstra alguma simpatia por Caiado, de quem havia se distanciado durante a pandemia da covid. Médico, Caiado – apesar de aliado de Bolsonaro – bateu de frente com o então presidente da República que rejeitava e fazia campanha contra a vacinação e o isolamento, e recomendava medicamentos sem comprovação científica como a cloroquina.

Em conversas reservadas, Caiado até já chegou a admitir que poderia se filiar ao PL, partido de Bolsonaro, se fosse necessário. Mas o ex-presidente não se entusiasmou e o governador ficou onde estava. Hoje se sabe que, não só ele teria mudado de ideia, como passou a ver o goiano como uma alternativa ao pupilo favorito: Tarcísio de Freitas, que tem dito reservadamente que pensa mais na reeleição em São Paulo.

Diferentemente dos demais governadores, a equação de Tarcísio é bastante mais complexa e depende de diversos fatores, a começar pelo seu desempenho na administração do Estado mais rico do País. Governador de São Paulo é praticamente um candidato natural à presidência da República, embora os últimos que tenham feito a tentativa não obtiveram sucesso. Se Freitas estiver bem colocado nas intenções de voto, poderá seguir o caminho natural que seria o de disputar a reeleição no governo e deixar para 2030 suas possíveis pretensões ao Palácio do Planalto. Entretanto, essa será uma decisão em que Bolsonaro, que estará inelegível até 2026, terá a última palavra.

Restam assim, dois nomes. Romeu Zema, em Minas Gerais, eleito em 2018 na esteira da popularidade de Jair Bolsonaro, que tem, segundo as pesquisas, boa aprovação. Mas já está em seu segundo mandato e tem dito que pode optar pelo Senado se perceber que não terá chances numa corrida ao Planalto.

A situação mais dramática é a de Eduardo Leite no Rio Grande Sul. Preparando-se para ser um nome alternativo à polarização ou para compor com outro partido, Leite se viu tragado pela catástrofe climática que destruiu mais da metade do Estado e ninguém tem a menor ideia de como sua imagem sairá da tragédia. “Não é possível nem pensar em eleição. Se conseguirmos reconstruir a vida dessas pessoas, acho que teremos uma imensa vitória”, disse Leite.

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