A nova rodada de pesquisas divulgadas nesta última quinta-feira (22) pelo Datafolha indicou segundo Bernardo Mello e Caio Sartori, do O Globo, que as avaliações de prefeitos de capitais “estacionaram” na reta inicial de suas campanhas à reeleição. Os números dizem respeito à primeira semana oficial de campanha, quando os candidatos já cumprem agendas de rua e participam de debates, mas antes do início da propaganda em rádio e TV, que só começa na próxima sexta-feira.
Para os prefeitos de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), o horário eleitoral é uma das principais apostas para que suas campanhas engrenem, em cenários bastante distintos entre si. No Rio, a estabilidade no índice de aprovação do prefeito Eduardo Paes (PSD) lembra o desempenho de sua outra campanha à reeleição, em 2012 — embora sua avaliação, à época, fosse superior à atual.
Já em Recife, o prefeito João Campos (PSB) tem a melhor taxa de aprovação entre seus antecessores nas últimas duas décadas.
São Paulo
De acordo com o Datafolha, 25% dos entrevistados consideram a gestão de Nunes ótima ou boa na capital paulista. O percentual é idêntico ao dos que a consideram ruim ou péssima.
Os dados ligam o alerta na campanha do prefeito de São Paulo, que chegou a registrar 31% de avaliações positivas há pouco menos de dois meses, conforme dados do Datafolha. Na pesquisa anterior do instituto, no início de julho, Nunes era considerado ótimo ou bom por 26%, índice similar ao atual. Mas os que reprovavam sua gestão eram 22% — três pontos a menos do que a reprovação atual, em uma oscilação no limite da margem de erro da pesquisa.
No levantamento divulgado nesta quinta, 47% avaliaram a gestão de Nunes como regular. Eram 43% na rodada anterior.
Com o apoio formal do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e de outras dez siglas, Nunes terá à sua disposição a maior fatia do horário eleitoral em São Paulo. O dado é relevante para o prefeito, já que seu principal concorrente na raia do bolsonarismo, o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), não terá tempo de propaganda no rádio e na TV — já que seu partido não atingiu a cláusula de barreira nas eleições de 2022.
Belo Horizonte
Assim como Nunes, outro prefeito que aposta no horário eleitoral para ganhar tração na campanha é Fuad Noman em Belo Horizonte. Com propaganda tocada pelo marqueteiro Paulo Vasconcellos, veterano de eleições presidenciais, Fuad terá o segundo maior tempo de TV na capital mineira. Serão cerca de 2 minutos a mais, em cada bloco do horário eleitoral, do que concorrentes que hoje aparecem à sua frente nas pesquisas, como Mauro Tramonte (Republicanos) e Carlos Viana (Podemos).
Por ora, o início oficial da campanha pouco alterou o cenário para Fuad, que assumiu o mandato há dois anos e tem o desafio de se tornar mais conhecido. Segundo o levantamento divulgado nesta quinta-feira pelo Datafolha, o prefeito de BH faz uma gestão considerada ótima ou boa por 28% dos entrevistados. O desempenho é quatro pontos superior ao registrado no início de julho.
Ainda assim, o patamar de avaliações ruins ou péssimas ficou inalterado em 21%.
O prefeito conseguiu melhor seu índice de conhecimento, que passou de 52% para 59%, numa variação superior à das avaliações positivas de sua gestão. A taxa de desconhecimento, de 41%, é bastante superior às registradas, por exemplo, por Tramonte (10%) e Viana (15%).
Rio de Janeiro
Segundo o Datafolha, 45% dos eleitores cariocas consideram a gestão de Paes ótima ou boa. O percentual é similar ao da pesquisa anterior, no início de julho (46%).
Quando se reelegeu em 2012, o próprio Paes tinha 50% de avaliações positivas no fim de agosto, de acordo com dados levantados à época pelo Datafolha.
A taxa atual de aprovação de Paes é idêntica à registrada por seu antigo padrinho político, o então prefeito Cesar Maia, quando se reelegeu em 2004.
Assim como há 20 anos, o percentual de reprovação também é semelhante: Paes tem sua gestão avaliada como ruim ou péssima por 16% dos entrevistados.
Recife
Na capital pernambucana, o prefeito João Campos tem 70% de aprovação, segundo a pesquisa divulgada nesta quinta-feira pelo Datafolha. O percentual é similar ao que o mesmo instituto mediu em julho, quando Campos era aprovado por 69%.
Em comparação com o levantamento anterior, houve ainda uma oscilação para baixo na reprovação à atual gestão: agora, 4% a consideram ruim ou péssima, ante 6% em julho.
Até então, a melhor avaliação de um prefeito de Recife medida pelo Datafolha, em uma altura semelhante do primeiro mandato, havia sido a do petista João Paulo, em 2008, com 54% de aprovação.