Tarcísio de Freitas, ministro da Infraestrutura, é o candidato favorito de Jair Bolsonaro para disputar o governo de São Paulo.
Pela versão de Bolsonaro, nessa candidatura estaria segundo a revista Veja, um dos motivos do impasse sobre o seu ingresso no Partido Liberal, de Valdemar Costa Neto, para disputar a reeleição.
Das janelas do Palácio do Planalto tem-se uma curiosa visão da paisagem política paulista: “A gente não vê nome [local, para competir] em São Paulo”, disse Bolsonaro na semana passada.
É abstração conveniente de um presidente-candidato que está à procura de amparo no Estado para viabilizar a própria campanha no maior colégio eleitoral do país, com 34 milhões.
Em 2018, ele arrasou o adversário Fernando Haddad, do PT, coletando 15,3 milhões de votos no Estado, o equivalente a 68% do total.
Passados três anos, mais da metade (56%) dos eleitores paulistas o censura nas pesquisas como um péssimo governante.
Nada é impossível em política, e São Paulo foi eloquente sobre isso num longo ciclo de governantes como Paulo Maluf, Orestes Quércia e Luiz Antonio Fleury Filho.
Aos 46 anos, Tarcísio de Freitas é um burocrata, bem-sucedido em funções civis e militares, seduzido pela política. Há meses discute sobre suas chances eleitorais em Goiás, Mato Grosso, Distrito Federal e São Paulo.
Talvez por ter visto muito na Câmara, onde foi consultor legislativo, dizia preferir o Senado, mas já se mostra convencido de que, com apoio de Bolsonaro, pode vir a ser o próximo governador paulista. Por enquanto, faz barulho dentro do governo e espalha fumaça da candidatura na Esplanada dos Ministérios. E só.
São Paulo é empreitada difícil. Como o chefe, ele não tem um partido estrutura local para apoiá-lo. O Partido Liberal, de Valdemar Costa Neto, integra o Centrão paulista, assim como os seus sócios no Centrão da Câmara. Gravitam em torno do governador João Doria (PSDB), potencial adversário de Bolsonaro.
Costa Neto, por exemplo, detém áreas-chave em departamentos estaduais como o de Águas e Energia Elétrica e o de Estradas de Rodagem. Segue um padrão atuação no condomínio do poder regional e nacional que estabeleceu para o PL desde os governos Lula e Dilma, quando Tarcísio de Freitas aportou na direção de Infraestrutura de Transportes (DNIT). No governo Bolsonaro controla um ministério (Secretaria de Governo) e áreas-chave em estatais, como a de aeroportos (Infraero).
Para entrar na caça aos votos, Tarcísio de Freitas ainda depende de providências elementares a qualquer candidato.
Uma é decidir, rapidamente, seu rumo na geografia política, ou seja o Estado. Depois o Poder, se Executivo ou Legislativo. Em seguida, o cargo eletivo a disputar — se deputado, senador ou governador.
Precisa, principalmente, resolver seu domicílio eleitoral. Até ontem à noite, continuava cadastrado na Zona 15, Seção 446 de Águas Claras, Distrito Federal. Fica a mil quilômetros de distância da cidade de São Paulo, onde vive metade do eleitorado paulista.