quarta-feira 25 de dezembro de 2024
Júlio Cesar de Arruda, indicado por Luiz Inácio Lula da Silva para comandar o Exército. Foto: Ten. Ferrentini/ Comando Militar do Leste - 06/12/2016
Home / NOTÍCIAS / A defesa do Exército ao comandante demitido por Lula
segunda-feira 29 de maio de 2023 às 06:46h

A defesa do Exército ao comandante demitido por Lula

NOTÍCIAS


O general Júlio César de Arruda foi demitido do Comando do Exército pelo presidente Lula em 21 de janeiro, após permanecer por apenas duas semanas no posto, o menor período de tempo desde a Proclamação da República.

Com a exoneração, a carreira de Arruda acabou abreviada e ele saiu de cena, sem jamais ter comentado o episódio publicamente. No entanto, a CPI Mista dos Atos do 8 de janeiro pode quebrar o silêncio do militar. Como o general esteve no comando do Exército durante os ataques às sedes dos três poderes, ele deve entrar no rol dos convocados a prestar explicações.

Reportagem de Marcela Mattos, da revista Veja desta semana, mostra a preocupação do governo com o potencial de a CPI gerar uma crise com as Forças Armadas. Lula assumiu a Presidência em meio a desconfiança com os fardados e acusações feitas por ele e seu entorno de que houve uma tentativa de golpe forjada por uma parte dos militares para derrubar o governo. Desde então, há um esforço para superar o desgaste e restabelecer as pontes entre as forças e o Planalto.

Arruda foi demitido após resistir a barrar a promoção do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, como chefe do 1º Batalhão de Ações e Comandos, sediado em Goiânia. O veto a Cid era uma exigência de Lula, que ressaltava que ele era alvo de um inquérito no Supremo Tribunal Federal. À época, era sabido que o militar era investigado por ter participado de uma live com Bolsonaro na qual foi colocada em dúvida a segurança das urnas eletrônicas.

O tenente-coronel foi preso no início de maio, sob a suspeita de fraudar certificados de vacinação de Bolsonaro. Em quebra de sigilo, conversas com teor golpista foram encontradas no celular do militar.

Apesar do enredo, a atual cúpula do Exército mantém apoio à decisão de Arruda de não ter acatado, à época, o veto à movimentação de Mauro Cid. O argumento principal é o de que a indicação dele aconteceu em maio de 2022, muito antes das eleições, e seguindo critérios técnicos e de mérito dentro da força, sem interferência política. Internamente, o tenente-coronel se consagrava por ter um currículo exemplar.

Além disso, setores do PT e da esquerda sempre defenderam mudanças nas regras de promoções de oficiais e generais, o que não é bem recebido dentro das forças, que defende ter autonomia para fazer as movimentações. Ou seja, por essa avaliação, e diante das informações a que se tinha acesso naquele momento, o então comandante estava correto ao manter a promoção de Cid. Em conversas antes de assumir o posto, o atual comandante do Exército, Tomás Paiva, já chamou Arruda de “irmão” e “um grande talento”, além de afirmar que ele tomou atitudes equilibradas durante o 8 de janeiro.

À CPI, além da relação com Cid, o ex-comandante Arruda deve ser instado a dar explicações sobre o acampamento montado em frente ao Quartel-General do Exército após a vitória de Lula e também sobre a decisão de não desmobilizar o local ainda na noite de 8 janeiro – inclusive posicionando militares e veículos blindados para isolar a região militar. Apesar de inicialmente ter sido tratada como uma ameaça, a decisão acabou contando com o aval do presidente Lula, que concordou que seria melhor uma ação coordenada na manhã do dia seguinte.

Veja também

Aceno do governo Lula ao centro para Senado em 2026 esbarra em disputas com o PT

A estratégia do governo Lula de buscar composições ao centro e até com a direita para …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!