A ideia fixa – e sem fundamento – do presidente Jair Bolsonaro de contestar o resultado das eleições foi abraçada por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e agora o político afirma segundo Matheus Leitão, em sua coluna na Veja, que a legenda vai pedir a revisão de algumas urnas que, segundo ele, não podem ser consideradas.
Enquanto Bolsonaro permanece em silêncio, Valdemar disse em vídeo divulgado no sábado (19) que o partido vai apresentar proposta ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), relembra a publicação. O presidente do PL jura que não quer tumultuar a vida do país, mas endossou a ideia de iniciar um terceiro turno exatamente como Bolsonaro deseja.
“Nada de ter nova eleição, não vamos propor nada disso, não queremos tumultuar a vida do país. Mas tem umas urnas que têm que ser revistas e nós vamos propor para o Tribunal Superior Eleitoral até terça-feira essa nova proposta”, disse Valdemar.
O presidente do PL fala em um estudo quer foi realizado sem informar a fonte e diz que várias urnas não podem ser consideradas no resultado da eleição.
“Pelo estudo que fizemos, têm várias urnas que não podem ser consideradas. É no Brasil inteiro, de 2020 para baixo. São as urnas antigas. Todas elas têm o mesmo número, não tem como controlar. […] Temos a prova e vamos mostrar que essas urnas não podem ser consideradas. Vamos ver o que o TSE vai resolver”, afirmou.
Valdemar, que é ex-deputado e foi condenado por corrupção no escândalo do mensalão, tornou-se aliado de primeira hora de Bolsonaro. Nas eleições deste ano, seu partido, o PL, elegeu a maior bancada da Câmara, com 99 deputados. Uma parte deles, composta por extremistas bolsonaristas, pressiona Valdemar a questionar o resultado da eleição.
A coluna de Leitão já adiantou que o silêncio de Bolsonaro está perto de acabar. É bem provável que o presidente queira reaparecer depois que essa denúncia do PL for apresentada ao TSE. O presidente deve fazer críticas severas ao novo governo e ganhará impulso para defender o terceiro turno e fortalecer seu discurso de que o processo eleitoral brasileiro tem falhas.
Provavelmente pressionado a defender o presidente que foi para o seu partido e trouxe dezenas de parlamentares, Valdemar deve fazer o papel de acusador mesmo que as provas não tenham fundamento e que as suspeitas sejam fruto da imaginação bolsonarista que não aceita a derrota, registra Matheus Leitão.