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quinta-feira 1 de setembro de 2022 às 17:49h

A 50 anos da sangrenta tomada de reféns nos Jogos de Munique

MUNDO, NOTÍCIAS


Munique, 5 de setembro de 1972. Um comando palestino entra na Vila Olímpica. É o início de uma tomada de reféns que terminará com a morte de 11 atletas israelenses e cujo desfecho fatal será anunciado ao mundo pela AFP.

“Jogos da Alegria”

Aquela terça-feira era o 11º dia dos Jogos Olímpicos de Munique, os “Jogos da Alegria”, segundo seu lema, que visava fazer esquecer os organizados em Berlim em 1936 sob o regime nazista.

Ao amanhecer, oito homens vestidos com roupas esportivas e carregando bolsas esportivas escalaram os muros da Vila Olímpica e seguiram para a rua Connolly, 31, onde residia a delegação israelense.

Quem encontrou com eles pensou que eram atletas voltando de uma noitada na cidade.

Com os rostos cobertos e armas na mão, os homens invadiram os quartos dos israelenses. O treinador Moshe Weinberg e o levantador de peso Yossef Romano foram mortos a tiros no ataque.

Alguns conseguiram escapar, mas nove atletas são feitos reféns com as mãos amarradas nas costas.

Dois funcionários da limpeza deram o alerta após ouvirem tiros.

“Era entre 4 e 5 da manhã (…). Quando abri a porta, vi no patamar da escada um homem vestido à paisana, com um boné e uma metralhadora”, contou à AFP uma primeira testemunha que estava no mesmo prédio que os israelenses.

“Setembro Negro”

“Pouco depois das 07h00 GMT (8h00 local, 3h00 de Brasília), cerca de 3.000 policiais estavam posicionados na Vila Olímpica e seus arredores.

“Atiradores de elite chegaram e cercaram o prédio”, escreveram os jornalistas da AFP.

Pela manhã, a organização palestina “Setembro Negro”, que já havia cometido outras ações espetaculares, assumiu a responsabilidade pela operação.

O comando exigiu a libertação de mais de 200 prisioneiros mantidos em Israel – algo que o governo da primeira-ministra israelense Golda Meir nega -, caso contrário executaria os reféns.

Este ultimato foi adiado várias vezes ao longo do dia, em meio às negociações entre as autoridades da Alemanha Ocidental e os sequestradores.

Durante o tempo, uma multidão de milhares de pessoas se reúne do lado de fora da Vila Olímpica.

As competições acontecem normalmente na parte da manhã. Somente às 15h50, horário local, os organizadores anunciaram a suspensão dos Jogos até o final de uma cerimônia de homenagem às duas vítimas do ataque marcada para a manhã seguinte.

 Tiroteio no aeroporto

Pouco depois das 22h, os fedayin palestinos e seus nove reféns são transportados de ônibus para dois helicópteros, que decolam para o aeroporto militar de Fuerstenfeldbruck, perto de Munique.

Os oficiais alemães viajam em um terceiro helicóptero.

Com efeito, os negociadores convenceram os sequestradores a irem para o Cairo a bordo de um avião colocado à sua disposição.

Mas uma intervenção policial havia sido planejada no aeroporto, onde cinco atiradores de elite estavam posicionados para neutralizar o comando e libertar os reféns.

O tiroteio começa rapidamente. As trocas de tiros são prolongadas, um fedayin lança uma granada em um helicóptero, que explode e pega fogo.

Perto da meia-noite, o porta-voz do governo alemão, Conrad Ahlers, afirma que “a operação de recuperação foi coroada de sucesso”. Segundo a polícia, “todos os reféns estão sãos e salvos”.

No entanto, os jornalistas do local constatam que o confronto “causou estragos”. “De vez em quando se ouvem rajadas de metralhadoras, também tiros isolados, sem dúvida dos atiradores de elite”, escreveu a AFP.

“Todos mortos”

A polícia anuncia uma coletiva de imprensa em Munique.

Um dos repórteres da AFP presentes no aeroporto, Charles Biétry, que suspeita de uma manobra de distração, decide ficar com dois colegas da imprensa escrita francesa.

No escuro vê sair “um homem de terno e gravata com o rosto banhado em lágrimas”.

“Tudo deu errado, todos os reféns estão mortos”, disse o homem, o prefeito de Munique Georg Kronawitter, em alemão.

Charles Biétry encontra um casal que o leva até uma cabine telefônica de onde ele liga para a agência.

“O mais terrível foi ouvir no rádio os gritos de alegria que vinham de Israel”, onde se acreditava que os reféns haviam sido salvos, recordará.

Às 02h16, hora local, a AFP anuncia aos seus clientes em todo o mundo que “todos os reféns estão mortos”.

As autoridades alemãs confirmarão o furo apenas 56 minutos depois.

Há 11 mortos israelenses, os nove reféns e os dois membros da equipe mortos no início do ataque. Um policial alemão também é vítima do tiroteio. Cinco membros do comando estão mortos e outros três estão detidos.

Enquanto explode a polêmica sobre o fiasco da operação policial, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anuncia na manhã de 6 de setembro que “os Jogos continuam”.

“Não podemos tolerar que um punhado de terroristas destrua esse núcleo de colaboração e boa vontade internacional que são os Jogos Olímpicos”, disse o presidente da instituição, Avery Brundage.

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