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terça-feira 10 de março de 2020 às 16:28h

Quase 5 milhões de pessoas fugiram da crise na Venezuela, afirma ONU

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Um total de 4,9 milhões de pessoas “abandonaram” a Venezuela, abalada desde o fim de 2015 por uma crise política e econômica, afirmou nesta terça-feira a Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que lamentou a violência contínua contra a oposição.

Ao informar ao Conselho de Direitos Humanos da ONU sobre a situação no país sul-americano, Bachelet alertou que “os atos de violência das forças de segurança e apoiadores do governo contra parlamentares da oposição continuam”.

O Alto Comissariado, que conta com representantes na Venezuela, documentou “agressões contra opositores políticos, manifestantes e jornalistas, sem que as forças de segurança atuassem”.

“Registramos casos de buscas na sede de um partido político, ONGs e escritórios de meios de comunicação” e, desde 5 de janeiro, as forças de segurança “dificultaram” o acesso à Assembleia Nacional aos deputados da oposição, completou.

“Meu escritório continua recebendo testemunhos de tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes na sede da Direção Geral de Contra-Inteligência Militar em Caracas”, acrescentou.

Bachelet também denunciou que a “detenção arbitrária de líderes sindicais” continua e manifestou preocupação com o projeto de lei que pretende sancionar organizações de defesa dos direitos humanos que recebem fundos do exterior.

Enquanto isso, o número de venezuelanos que fogem do país não para de crescer.

O líder da oposição da Venezuela, Juan Guaidó, foi reconhecido como presidente interino pelos Estados Unidos e grande parte da comunidade internacional, após a reeleição de Nicolás Maduro em 2018 nas eleições denunciadas por irregularidades.

A Venezuela está sujeita a sanções econômicas da administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que busca pressionar Maduro. As sanções incluem um embargo ao petróleo, o principal recurso do país.

Bachelet voltou a criticar as medidas: “A imposição de novas sanções econômicas, especialmente as que afetam a companhia aérea CONVIASA, assim como as sanções à indústria do petróleo são preocupantes”.

As sanções afetam “a diminuição dos recursos do governo para gastos sociais, no momento em que 2,3 milhões de pessoas estão em insegurança alimentar severa”, segundo a ONU.

“Apesar das exceções estabelecidas para permitir a importação de medicamentos, alimentos e suprimentos para ações humanitárias, os serviços públicos e a população em geral continuam sofrendo o impacto do controle rígido do setor financeiro”, concluiu.

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