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Haddad e Boulos divergem sobre alianças com centrão em debate

domingo 29 de julho de 2018 às 17:04h

Em discussão sobre o futuro da esquerda, o candidato do PSOL à Presidência, Guilherme Boulos, e o ex-prefeito Fernando Haddad, coordenador do programa de governo do PT, divergiram sobre a necessidade de fechar alianças com partidos do centrão para garantir governabilidade.

Durante debate na Casa Época/Vogue, da Flip (Festa Literária de Paraty), Boulos criticou as alianças com o dito centrão, afirmando que um governo de esquerda não pode depender dessa estratégia para governar. O PT governou aliado ao PMDB e partidos do centrão, que agora declarou apoio ao candidato tucano, Geraldo Alckmin, mas foi cortejado por Ciro Gomes (PDT) e Jair Bolsonaro (PSL).

“Não dá mais pra fazer o mesmo arco de alianças políticas que se fez; não dá para se aliar com partidos que compõem a base do Temer, que representaram o golpe parlamentar”, disse. “Essa maneira de governabilidade no Brasil deixa qualquer governo refém de máfias parlamentares. Pode botar o papa Francisco na presidência da República: com a turma do Eduardo Cunha, ele não governa. Naturalizar a relação entre Congresso e Executivo como a única forma de governar é algo que nos leva a um beco sem saída.”

Haddad reagiu, afirmando que o Brasil vai eleger o Congresso, junto com o presidente. “E vai ter centrão, vai ter direita, extrema direita, bancada da bala, essas coisas estão na sociedade e vão estar no Congresso”, disse Haddad.

“É importante termos a compreensão de que isso vai acontecer e não pode ser motivo para não avançarmos se estivermos no Executivo. Não dá para imaginar que o Congresso vai mudar de natureza em uma eleição, mas nem por isso o Executivo vai ficar refém desse Congresso.”

Haddad e Boulos foram recebidos com gritos de “olê olê olê olá, Lula, Lula” e gritos de “Lula Livre”. Haddad foi apresentado como “provável candidato”, mas mostrou-se desconfortável e corrigiu a mestre de cerimônias: “Sou o coordenador do programa de governo do PT”.

Mas ele defendeu seu legado na Prefeitura de São Paulo e no ministério da educação e afirmou: “O programa de governo do PT (do qual é o coordenador) é o melhor do PT desde 1989”.

Discutindo se a fragmentação da esquerda não poderia colaborar para o avanço dos candidatos conservadores, o ex-prefeito voltou a enfatizar que o ex-presidente Lula é o candidato do PT à Presidência.

“O PT não tem como deixar de se manter até as últimas consequências reunido em torno da liderança do presidente Lula, sobretudo nas circunstâncias de uma condenação sem fundamento; vamos registrar a candidatura Lula em 15 de agosto com a convicção mais correto a fazer ponto de vista político e moral. Em dezenas de outros casos, o candidato foi permitido continuar em campanha.”

Indagado se a insistência do PT em manter a candidatura de Lula não poderia sufocar o surgimento de um novo líder de esquerda no Brasil, Haddad rebateu: “Não consigo nem entender sua pergunta direito: a gente tem que torcer pelo desaparecimento de pessoas para que outras surjam? A insistência no Lula não impede nada”.

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