Chegou na última quarta-feira (19) o quinto avião — o quarto só em 2020 — trazendo brasileiros deportados dos Estados Unidos. Desde outubro, os voos chegam ao aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, e trouxeram mais de 370 brasileiros até o momento.
O país é o principal destino daqueles que planejam deixar o Brasil em busca de ganhar dinheiro, porém, são poucos aqueles que conseguem por lá permanecer.
Segundo dados do Itamaraty de 2015 — os últimos disponíveis — há mais de 1.460.000 brasileiros vivendo atualmente nos EUA, a maior comunidade fora do Brasil.
Não é possível precisar números, mas, segundo o órgão, sabe-se que a grande maioria entra no país de maneira ilegal e busca meios para se legalizar ao longo dos anos.
O destino dos aviões com as centenas de deportados tem razão de ser. Segundo o adido de imprensa da embaixada dos Estados Unidos Mark A. Pannell, metade dos brasileiros que tentam entrar ilegalmente nos EUA são de Minas Gerais.
De acordo com a socióloga e professora da Univale, Sueli Siqueira, isso se dá por conta de uma “cultura de migração”, a ideia de que migrar é possível e interessante, consolidada há mais de 50 anos especificamente em Minas Gerais.
A busca por melhores condições é apontada como a principal razão para a viagem. Desde o início do movimento migratório, na década de 60, os brasileiros vão para o norte buscando melhores salários e para empreender.
Porém, ao chegar, as oportunidades encontradas costumam ser no mercado não qualificado.
“Todos os migrantes, desde a década de 60 até hoje, vão para o mercado de trabalho secundário. São poucos os que conseguem mudar esse padrão e ir para um mercado de trabalho mais qualificado”, conta Sueli em entrevista ao UOL.