O Partido Liberal (PL) absorveu nada menos que 8 dos 19 deputados que trocaram de partido nessa legislatura, e iniciará o novo ano legislativo como 4ª força da Câmara, encostado na 3ª. Na posse, a sigla ocupava a 6ª posição.
Conforme publicou o Poder360, os deputados desses partidos ficaram livres para se filiar a outras legendas. Isso é uma exceção. A regra geral é que deputados só podem trocar de partido durante um determinado período, sob pena de perderem o mandato.
Dessa forma, o PL saiu de 33 deputados na posse para 40 atualmente, encostado nos 41 do PP. As duas maiores bancadas são de PT e PSL, com 53 cada.
A quantidade de deputados por legenda varia ao longo da legislatura. Alguns se licenciam para ocupar cargos nos Estados, por exemplo. Por isso o PL tinha 33 na posse, filiou mais 8 e não tem atualmente uma bancada com 41 deputados.
A Casa retoma os trabalhos na 1ª semana de fevereiro. Siglas com mais representantes têm maior poder para pautar discussões de seu interesse.
Motivos das trocas
“Fiquei com o controle do partido no Estado. Acilon [Gonçalves] é o presidente, mas vota comigo”, disse à reportagem o deputado Júnior Mano (PL-CE). “É 1 partido grande no Ceará”.
Ele deixou o Patriota, legenda que ficou abaixo da cláusula de desempenho, para ingressar no PL em 2019. Acilon Gonçalves, prefeito de Eusébio, na região metropolitana de Fortaleza, é seu aliado e trocou de partido na mesma época.
Júnior Mano conta que o convite para integrar o PL partiu de Valdemar Costa Neto, cacique da legenda.
Ele diz que também houve conversas com o presidente do partido, José Tadeu Candelária. “Valdemar ligou para ele, passou o telefone, me deu a segurança”.
O deputado Fernando Rodolfo (PL-PE) deixou o PHS, outra sigla sem desempenho eleitoral suficiente, para se juntar a PL. “Fui alçado à vice-liderança do partido”, diz.
Ele conta que houve assédio de outras legendas. “O que pesou na minha decisão foi a conjuntura local. Passei a ser o único deputado que fala pelo partido em Pernambuco, e é um partido grande no Estado”.
Oficialmente, ele não é o único deputado pernambucano da legenda. O outro é Sebastião Oliveira. Esse, porém, deve migrar para o Avante na próxima janela.
Fernando Rodolfo conta que foi convidado pelo prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira. Ele afirma que também foi cortejado por PTB, PSDB, DEM e PSD.
“No meu Estado esses partidos se reduziram a praticamente nada”, afirma. Ele conta que chegou a ficar balançado pelo PSD, mas o fato de a legenda ser aliada ao governo local, do PSB, inviabilizou sua filiação. O deputado é oposição.
“Eu era vice-presidente estadual do PHS. Fui traído na minha campanha eleitoral. O PHS só depositou R$ 4.500 [para bancar a campanha]”, diz o deputado pastor Abílio Santana (PL-BA). “Fui eleito por milagre de Deus. Graças aos céus o PHS é finado”.
O deputado assumiu o diretório municipal de seu novo partido em Salvador. “No PL encontrei guarida, respeito e compromisso”, afirma. “O presidente Valdemar é um homem de respeito. O que ele diz, está dito. Tem palavra”.
De acordo com o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o presidente do partido é José Tadeu Candelária, não Valdemar Costa Neto.
Costa Neto foi deputado, e até hoje exerce influência sobre a política brasileira. Ele foi condenado por envolvimento no caso do Mensalão. Foi preso em 2013, passou para a domiciliar em 2014 e teve a pena perdoada depois de indulto presidencial em 2016.
Até o ano passado, o PL era o PR (Partido da República). Este foi formado pela junção do antigo PL e do Prona (Partido de Reedificação da Ordem Nacional), em 2006.
A instalação da nova marca da sigla, porém, ainda não está completa. O endereço de seu site, por exemplo, segue sendo partidodarepublica.org.br.