Os repórteres ficaram horrorizados com festa da candidatura de Jair Bolsonaro.
Leandro Narloch fez um ótimo relato na Folha de S. Paulo:
“Como jovens jornalistas são próximos da nova esquerda, é natural que antipatizem com Bolsonaro e recebam tratamento recíproco. A tensão ficou evidente na convenção.
O público, em êxtase, empunhava bandeiras, tocava tambores e buzinas, aplaudia, louvava os falantes e gritava contra a imprensa: ‘Globo lixo! Imprensa comunista!’.
Já nas cadeiras reservadas aos jornalistas, o clima era de velório.
À minha direita, um repórter de TV mostrava seu descontentamento assistindo a Fórmula 1 pelo celular. À esquerda, uma jornalista fazia ‘não’ com a cabeça a cada vez que um dos falantes criticava a legalização do aborto. ‘Isso me aterroriza demais’, disse. Outra colega, sentada no chão, com cara de ressaca, segurava a cabeça como se pensasse: ‘o que é que fiz da minha vida pra ter de ouvir essas coisas num domingo de manhã?’.
O pior é que talvez seja exatamente isso que os eleitores de Bolsonaro procurem. Querem alguém que leve mais virilidade à política, irrite o jovem reportariado e que não se preocupe com a repercussão de seu discurso no programa da Fátima Bernardes.
‘Como eu, Bolsonaro fala por impulso, sem ligar para o que a imprensa vai dizer’, diz Roriz, o ex-eleitor de Lula que hoje leva a imagem de Bolsonaro na perna.”