O papa Francisco nomeou a primeira mulher para ocupar um alto posto no Secretariado de Estado, órgão dominado por homens e que é o centro nervoso diplomático e administrativo do Vaticano.
A advogada italiana Francesca Di Giovanni, 66, assumirá um cargo criado recentemente em uma divisão conhecida como Seção de Relações com Estados onde ela será subsecretária, na prática um dos dois postos de vice-ministro. Ela ficará subordinada diretamente ao cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado.
Um comunicado do Vaticano que confirma a nomeação de Di Giovanni nesta quarta-feira (15) afirmava que ela cuidará das relações multilaterais no secretariado, onde trabalha desde 1993.
Nascida em Palermo, ela é treinada pelo movimento católico dos Focolares e é especialista, entre outros, em migração, refugiados, direito internacional humanitário, status da mulher, propriedade intelectual e turismo.
O Vaticano, Estado soberano cravado em Roma, tem relações com mais de 180 países.
“O Santo Padre tomou uma decisão inovadora, certamente, que representa um sinal de atenção para com as mulheres”, reconheceu Di Giovanni em declarações ao jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano.
A Igreja Católica Romana permite apenas a ordenação de homens como padres, e as mulheres tradicionalmente foram relegadas às sombras da gestão da Igreja.
No entanto, grupos de mulheres, incluindo a União Internacional de Superioras-Gerais, um grupo de freiras católicas, tem pedido há muito que o papa indique mais mulheres para altos cargos na burocracia do Vaticano.
Elas citam dados que mostram que mais da metade dos 1,3 bilhão de católicos do mundo são mulheres e que o número de membros em ordens religiosas femininas é cerca de três vezes maior do que nas ordens masculinas.
Em julho de 2019, Francisco nomeou a jornalista brasileira Cristiane Murray como vice-diretora da assessoria de imprensa da Santa Sé.
Nascida no Rio de Janeiro em 1962, Murray trabalhava na Rádio Vaticano desde 1995 e fala português, italiano, inglês, espanhol e francês.