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terça-feira 14 de janeiro de 2020 às 17:54h

Exército teria grampeado juízes e políticos na Colômbia

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Unidades do exército colombiano realizaram escutas ilegais nos telefones e e-mails de magistrados, políticos e jornalistas, segundo uma investigação jornalística revelada neste sábado.

“As unidades do exército se dedicaram no ano passado a deslocar suas unidades móveis e usar seus equipamentos de última geração para saber o que alguns jornalistas, políticos, magistrados e até coronéis, generais e comandantes de outras forças estão fazendo”, afirma a revista Semana em sua última edição.

Entre os afetados estão os magistrados do Supremo Tribunal, congressistas de diferentes espectros políticos, governadores e repórteres da Semana que receberam ameaças no ano passado.

“Para a missão e para os alvos, esses (acompanhamentos) foram orientados para questões estritamente políticas, distante de nossa missão e nas quais não devemos interferir”, declarou um suboficial entrevistado pelo semanário e cuja identidade não foi revelada.

Um dos alvos foi a juíza Cristina Lombana, que até maio estava encarregada do caso em andamento contra o ex-presidente e senador Álvaro Uribe por suposta manipulação de testemunhas que poderiam levá-lo a julgamento.

Um dos soldados envolvidos disse que receberam ordens de fornecer informações sobre Lombana “diretamente a um político reconhecido do Centro Democrático”, o partido no poder, liderado por Uribe.

O presidente Iván Duque, afilhado político de Uribe, disse neste sábado que seu governo terá “tolerância zero” para com membros das forças públicas que violam a lei e pediu aos altos comandantes militares que investiguem a fundo qualquer queixa sobre irregularidades.

“Se houver membros da força pública que tenham comportamentos contrários à Constituição e à lei, nós os sancionaremos”, disse ele a repórteres.

A publicação também indica que as irregularidades chegaram aos ouvidos do ministro da Defesa, Carlos Holmes Trujillo, que por esse motivo teria solicitado o afastamento do comandante do exército, general Nicacio Martínez.

Martinez, questionado por violações de direitos humanos, deixou o cargo em 27 de dezembro, citando motivos pessoais e em meio a elogios de Duque.

A revista, uma das mais importantes do país, diz que teve acesso a fotografias, documentos secretos, vídeos de acompanhamento e mais de uma dúzia de fontes diretas, que apoiam sua investigação.

Não é a primeira vez que as autoridades colombianas são acusadas de acompanhamento ou interceptação ilegal.

O extinto Departamento Administrativo de Segurança (DAS), subordinado à presidência, esteve envolvido, sob o governo de Uribe (2002-2010), em um escândalo nacional por ouvir ilegalmente magistrados, opositores e jornalistas da Suprema Corte.

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