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terça-feira 31 de dezembro de 2019 às 06:07h

Ex-presidente da Nissan, deixa o Japão e desembarca no Líbano

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Carlos Ghosn, ex-presidente da Renault-Nissan, deixou o Japão, onde aguardava julgamento por suposta irregularidade financeira, e foi para o Líbano, segundo informaram jornais internacionais.

Ele aterrissou no aeroporto internacional Rafic al Hariri na noite do domingo (29) em um jato particular, segundo a mídia local. Ghosn, nascido no Brasil, tem nacionalidade libanesa, além de francesa.

Há muito tempo ele é encarado como um dos homens de negócios expatriados mais bem sucedidos do Líbano, a terra de seus pais. Ele é sócio de diversas empresas no país, incluindo uma vinícola, e o governo do Líbano intercedeu em seu favor depois de sua detenção no ano passado.

Não está claro se ele escapou da prisão domiciliar a que estava submetido no Japão ou se houve acordo para sua libertação. Autoridades não estavam disponíveis para comentar.

Os termos da detenção de Ghosn permitiam que ele saísse de seu apartamento, seguido por policiais e procuradores públicos, bem como por um detetive particular.

Mas o jornal The Wall Street Journal, citando uma pessoa familiarizada ao caso, disse que o executivo fugiu por não acreditar que teria um julgamento justo no Japão, onde estaria sendo tratado como um “refém político-industrial”.

O americano The New York Times também falou em fuga.

Ghosn, no passado celebrado por ter revertido a situação de montadoras de automóveis problemáticas, caiu em desgraça em um dos casos corporativos mais dramáticos dos últimos 10 anos, depois de ser detido no aeroporto em novembro de 2018, no Japão, sob quatro acusações de delitos financeiros de conduta.

No país, mais de 99% dos indiciados são condenados. Mesmo que seja absolvido,os promotores podem recorrer à Suprema Corte, arrastando o caso por mais alguns anos.

O executivo nega qualquer irregularidade, e a família dele afirma que Ghosn recebeu tratamento desumano enquanto estava preso no Japão.

Ele chegou a ser proibido de se comunicar com sua mulher, Carole. Durante sete meses, os dois não trocaram nenhuma palabra entre si.

“Não tentarei caracterizar as acusações contra ele que circularam nos noticiários. Meu marido é inocente de todas. Seu amor pelo Japão —onde criou seus quatro filhos— e pela Nissan é bem conhecido”, disse ela em um artigo publicado no jornal The Washington Post em abril.

A Nissan afirma que Ghosn declarou remuneração pessoal inferior à real, e dois relatórios financeiros identificam que ele deixou de declarar mais de US$ 80 milhões em remuneração postergada.

O executivo negou todas as acusações movidas contra ele pelos promotores da Justiça japonesa, e a Comissão de Vigilância de Títulos e Bolsas do Japão (Sesc, na sigla em inglês) contestou algumas conclusões de um inquérito interno da Nissan, na metade de dezembro.

No entanto, a agência regulatória também multou a Nissan em US$ 22 milhões por ter declarado valores inferiores aos reais quanto à remuneração de Ghosn durante quatro anos.

Os procuradores públicos japoneses montaram seu caso em parte com dados encontrados em um computador obtido no Líbano de um dos auxiliares de Ghosn. Tradução de Paulo Migliacci da Folha de São Paulo. As informações são da Financial Times.

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