Favorável a que apenas doações de pessoas físicas possam financiar campanhas eleitorais, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso afirma, no entanto, que o atual fundo público eleitoral, estimado em R$ 2 bilhões, custa menos aos cofres públicos que o potencial de corrupção existente no modelo anterior em que empresas podiam doar para partidos e candidatos.
Em maio, Barroso assume a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e vai comandar a realização das eleições de 2020, quando serão eleitos prefeitos e vereadores em todo o país.
Um dos desafios da Justiça Eleitoral será lidar com a disseminação de informações falsas, as chamadas fake news. Para isso, Barroso aposta na parceria com as grandes empresas de tecnologias e em campanhas educativas pois, segundo o ministro, a ideia de que seria possível impedir judicialmente a disseminação de fake news seria uma fantasia.
Num ano em que o STF se tornou alvo de críticas de diferentes setores da sociedade, Barroso afirma que a mudança na regra da prisão em segunda instância foi um “retrocesso”, mas que é preciso respeitar a decisão da maioria dos ministros. “Na vida a gente tem que saber ganhar e tem que saber perder”, diz.
Observador atento da política, Barroso diz que o Brasil vive um momento conservador, mas não uma “onda autoritária”, e que o STF, assim como o Congresso, tem sabido frear “excessos” do governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Para o ministro, o limite ao avanço do conservadorismo são as regras da Constituição. “Numa democracia há espaço para liberais, para progressistas e para conservadores”, diz. “Portanto, a agenda conservadora é legítima numa democracia.”