A Ouvidoria da Câmara Municipal realizou na tarde desta quinta-feira (12), uma audiência pública para discutir a organização e as demandas do Carnaval na Barra. A atividade, solicitada pela Associação de Moradores e Amigos da Barra (AMABARRA), aconteceu no auditório do Edifício Bahia Center, anexo da Câmara.
Segundo a vereadora e ouvidora Aladilce Souza (PCdoB), as soluções provenientes dessa discussão devem se estender para os demais bairros de Salvador que também fazem parte de circuitos do carnaval. Essa já é a terceira audiência que ocorre sobre essa temática e possivelmente existirão outras, caso a questão não seja resolvida.
“A gente vem recebendo anualmente reclamações dos moradores da Barra, por conta dos problemas criados pelo carnaval. A Barra é um bairro antigo e histórico da cidade, e a tradicional festa acaba prejudicando muito em vários aspectos, desde o barulho para quem mora lá até a organização do comércio, das vias e do acesso ao bairro. Então nós decidimos atender à solicitação feita pelos residentes. Nosso objetivo é ouvir as demandas e a Prefeitura tomar as providências para fazer o melhor carnaval possível e reduzir esses impactos causados”, disse a ouvidora da Câmara.
Moradores
Waltson Campos, presidente da AMABARRA, relatou que já teve reuniões com os secretários responsáveis pela organização do Carnaval de Salvador para discutir sobre os prejuízos provocados pela festa popular e que essa audiência é só mais um passo em relação à essa luta contínua. “A ideia é aproximar os pensamentos entre o que gestores e moradores pensam em relação ao bairro, então tentaremos entrar em um consenso para que seja bom para os dois lados. O que criticamos não é o carnaval, mas sim o modelo em que ele vem sendo feito, em que não tem estrutura para receber 150 mil pessoas por dia em um bairro que possui 17 mil moradores. Isso precisa ser repensado. São vários transtornos, desde montagem de camarotes, bloqueio de trânsito, poluição e o barulho, que afeta vários idosos que vivem na região. Enfim, é uma série de detalhes que vem sendo debatidos a anos para chegarmos em uma solução”, declarou Waltson.
Vários moradores do bairro da Barra que estavam presentes no evento ratificaram o depoimento de Waltson e expressaram suas indignações durante seus instantes de fala. Para a moradora Sônia Garrido, Arquiteta e Administradora que mora a 69 anos na Barra, condenou a mobilidade durante esse período. “É uma sensação de isolamento e invasão. A Barra hoje possui uma população idosa muito grande, que cresceram lá. Durante o carnaval perdemos a condição de ir e vir. Ou você tem dinheiro para ir para um hotel ou alugar uma casa em outro lugar, correndo o risco de invasões em nossas residências. É um mês de constrangimento entre montagem, desmontagem e a própria folia. O outro problema se diz respeito à liberalidade acentuada durante a época, em que a Barra passou a ser o lugar que tudo pode, e esse conceito não está se restringindo somente ao carnaval”, reiterou a moradora.
A mesa comandada pela vereadora e ouvidora da Câmara Aladilce Souza (PCdoB) foi formada pelo presidente da AMABARRA, Waltson Campos; pelo presidente da CONCAR (Conselho do Carnaval de Salvador) Pedro Costa; pelo representante da SEMPRE (Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza) Zilton Junior; pelo subprefeito da Prefeitura Bairro Barra/Pituba, Fábio da Mota; pela subcoordenadora de fiscalização da SEDUR (Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo), Ana Kille e pelo diretor de eventos e representante da SALTUR (Empresa Salvador Turismo) e SECULT (Secretaria de Cultura e Turismo), Marcio Sampaio.