A presidente da Comissão de Direitos Humanos e Democracia Makota Valdina, da Câmara Municipal de Salvador, a vereadora Marta Rodrigues (PT) repudiou, na tarde desta terça-feira (10), o ato considerado racista cometido pelo estudante de Ciências Sociais, Danilo Araújo, dentro da sala de aula na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), no município de Cruz das Almas.
O episódio aconteceu na segunda-feira (9), quando o estudante se recusou a receber um documento das mãos da professora por ela ser negra. A denúncia foi noticiada em diversos veículos de comunicação e nas redes sociais. A instituição informou que está apurando o ocorrido.
“É inadmissível que casos como esses venham a ocorrer, principalmente na UFRB, conhecida como a universidade mais negra do País. Inclusive, foi esta universidade, criada no governo Lula, que foi a primeira a formar uma turma de 12 médicos negros”, afirmou a vereadora.
Marta lembra, ainda, que o episódio veio à tona no dia 10, data em que é celebrado o Dia Internacional dos Direitos Humanos. “Hoje, enquanto celebramos o Dia Internacional dos Direitos Humanos, recebemos mais uma notícia de um caso de racismo na Bahia, que é um estado de maioria da população negra. Não podemos nos silenciar diante disso. Racismo é crime e essas pessoas precisam entender e respeitar o povo negro”, pontuou.
Luta
Como presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, a vereadora disse que o colegiado está disponível para colaborar no debate e na luta contra o racismo. Marta citou a frase dita por Saramago, em 2003, que reflete, segundo ela, a mesma realidade 16 anos depois. “Saramago disse que ‘sem democracia não pode haver direitos humanos, mas sem direitos humanos também não haverá democracia’. Estamos numa situação em que se fala muito de democracia e nada de direitos humanos. Creio que essas são as duas grandes batalhas deste século. E se não nos lançarmos nelas, será um desastre”, destacou.
Para a vereadora, o racismo é um dos fatores que mostra a necessidade de lutar pelos direitos humanos. “A fala de Saramago, 16 anos depois, ainda reflete completamente a nossa realidade. Não podemos esmorecer, temos que estar vigilantes o tempo todo”, finalizou.