O governador Rui Costa (PT) negou ter atendido a pedidos da desembargadora presa na manhã desta sexta-feira (29), Maria do Socorro Barreto Santiago, na nova fase da Operação Faroeste, batizada de Joia da Coroa. Questionado sobre o bilhete encontrado pela Polícia Federal na residência da ex-presidente do Tribunal de Justiça (TJ-BA), que seria endereçado a ele, o petista ficou incomodado e alertou para que não se transforme a investigação em “ação midiática”.
“Eu sou a favor de toda e qualquer investigação, agora deixa eu dizer um negócio para vocês: se continuarmos transformando investigação em ação midiática, nós vamos aumentar o desemprego […] a mensagem que a gente está passando para o exterior é a pior possível, a de absoluta insegurança institucional, jurídica”, afirmou o governador, presente na inauguração da Policlínica Regional de Simões Filho nesta sexta-feira.
Rui minimizou o papel encontrado pela PF e tratou a situação como algo natural, já que, segundo ele, “qualquer um” pode eventualmente encontrar o bilhete que alguém “entregou a um prefeito, vereador, deputado”.
“Qualquer um aqui pode ter em sua casa o bilhete de alguém no bolso, que alguém entregou a um prefeito, vereador […] Isso constitui crime? Eu estou aqui cheio de bilhete que as pessoas me entragaram. É crime receber bilhetes das pessoas?”, indagou.
O petista reforçou que nunca recebeu nenhum bilhete das mãos de Maria do Socorro: “Tanto é que tava com ela o bilhete, ela nunca me falou nada, não é verdade que ela me pediu’.
Sem citar nomes, Rui Costa acusou a “imprensa” de não tratar o caso com a “seriedade” devida e lembrou que enquanto o país não tiver “segurança jurídica e institucional”, não receberá investimentos externos.
“Aí a imprensa já bota: ‘A desembargadora pediu ao governador’. Então, vamos tratar as coisas com seriedade. Não sou eu que vou sofrer, não é o deputado, não é ninguém, quem tá sofrendo é o povo […] Qualquer empresário que olha essas notícias de lá, o ‘cabra’ diz: ‘Não vou pra esse lugar não, porque antes de perguntar se eu fiz ou não fiz, já está em toda imprensa que eu sou bandido'”, alegou o mandatário.
Por fim, antes de redirecionar a coletiva para “alguma coisa sobre saúde”, Rui defendeu uma investigação rigorosa a respeito dos fatos que envolvem desembargadores e juizes do TJ-BA. Para ele, é preciso ser “rigoroso” em todo o processo e evitar julgamentos antecipados.
“Eu acho que tem que apurar tudo, ser rigoroso com tudo. Agora, vamos julgar as pessoas depois que forem apresentadas as provas, as pessoas tiverem direito de defesa. E depois do julgamento, a gente faz uma lista de quem foi culpado, quem não foi culpado, e inocenta as pessoas, tá bom? Vamos lá, alguma coisa sobre saúde”, finalizou.