Como forma de fortalecer o combate ao racismo, a Comissão de Reparação da Câmara Municipal de Salvador realizou, na manhã desta quarta-feira (20), no Centro de Cultura, uma sessão especial regimental para celebrar o Dia da Consciência Negra (20 de novembro). A atividade foi conduzida pelo vereador e presidente do colegiado, Moisés Rocha (PT), e contou com a participação do presidente do Legislativo Municipal, vereador Geraldo Júnior (SD).
Ao ressaltar a importância dos vereadores negros, Geraldo Júnior citou como exemplo Moisés Rocha e Sílvio Humberto (PSB). Reafirmou também a importância da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e da Intolerância Religiosa pela Câmara de Salvador. Encerrou a fala citando uma das frases de Luís Gama: “Em nós, até a cor é um defeito. Um imperdoável mal de nascença, o estigma de um crime. Mas nossos críticos se esquecem que essa cor é a origem da riqueza de milhares de ladrões que nos insultam; que essa cor convencional da escravidão tão semelhante à da terra, abriga sob sua superfície escura, vulcões, onde arde o fogo sagrado da liberdade”.
“Digo a todos que nós tivemos várias conquistas importantes ao longo do tempo. Celebrar o Dia da Consciência Negra é relembrar pessoas como Zumbi dos Palmares, que é o nosso grande herói. Não existe essa conversa de consciência humana, tem que existir é consciência negra mesmo. Não tenho dúvida de que o problema da exclusão, do racismo e da escravidão não é um problema dos negros, mas da sociedade. Então, quando vejo notícia como a que saiu nos últimos dias, de que os negros são maioria nas universidades públicas, isso me deixa muito feliz”, declarou Moisés Rocha.
O vereador Sílvio Humberto também comemorou a passagem do dia e salientou que é preciso que a sociedade se envolva na busca por reparação. “Nós celebramos porque fomos nós que conquistamos, mas esse é um momento em que também se celebra, denuncia e reafirma o compromisso pela igualdade racial. Ou a sociedade como toda se envolve em uma luta antirracista ou nós continuaremos nesse ciclo vicioso”, disse Sílvio, que participou da mesa de trabalho.
O vereador Marcos Mendes (PSOL) falou sobre o racismo que para ele ainda está muito vivo em Salvador. “Nós temos a capital mais negra fora da África, mas nem assim essa cidade tem uma consciência negra. Acho que tudo isso é produto do racismo estrutural, religioso, institucional, que está impregnado dentro de nossa sociedade”, argumentou Marcos Mendes.
Apresentação
A sessão regimental incluiu a apresentação musical da Banda Ilê Aiyê e a encenação de Zumbi dos Palmares feita pelo ator da Biblioteca de Monteiro Lobato, Jonathan Cerqueira. Na plateia, os estudantes do Escola Mãe Hilda, do Curuzu, e alunos do Colégio Estadual Mestre Paulo dos Anjos, do Bairro da Paz.
Os vereadores Luiz Carlos Suíca (PT), Kiki Bispo (PTB) e Marta Rodrigues (PT) marcaram presença na sessão, que também contou com a participação de Iachas Camime, do Movimento Marcha do Empoderamento Crespo, e do ator Jorge Washington.