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domingo 17 de novembro de 2019 às 13:29h

Sergio Cabral mira delação e almeja liberdade depois de três anos preso

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O ex-governador Sérgio Cabral completa três anos preso se profissionalizando no papel de réu da Operação Lava Jato. As discussões, os longos discursos e a confissão emocionada têm ficado cada vez mais no passado, dando lugar a falas pensadas, econômicas e negociadas.

Conforme publicou o jornal Folha de São Paulo, Cabral negou pela última vez há pouco mais de um ano, ter recebido propina. De lá para cá, adotou nova estratégia defensiva: confessar os crimes a fim de reduzir penas. Iniciou também tratativas para se tornar delator da Polícia Federal após recusa do Ministério Público Federal, caminho cujo sucesso ainda é incerto.

Réu em 30 ações penais decorrentes da operação e condenado a quase 268 anos de prisão, Cabral sabe que é visto como o estereótipo do político corrupto. Mas as recentes decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) acenderam no ex-governador a esperança da liberdade.

Sua defesa prepara para o ano que vem habeas corpus para tentar revogar as três prisões preventivas e uma execução de pena provisória que pesam contra o ex-emedebista.

Será a primeira vez, desde novembro de 2016, quando foi detido na Operação Calicute, que ele apresentará tal pedido.

A primeira medida foi tentar revogar neste mês a prisão decorrente da condenação no TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), única em segunda instância contra ele. A Justiça ainda decide qual magistrado é competente para analisá-la —se o de Curitiba ou o do Rio de Janeiro.Os futuros pedidos de liberdade, contudo, dependem do pronunciamento do STF sobre temas que afetam a Lava Jato.

A decisão sobre o compartilhamento dos dados da UIF (Unidade de Inteligência Financeira) —antigo Coaf—, a ser tomada nesta semana pelo Supremo, é outra que pode interferir no andamento de processos de Cabral.

Falta também a modulação da decisão dos ministros sobre a ordem de apresentação das alegações finais. Os magistrados entenderam que delatores devem protocolá-las antes dos delatados, o que não ocorreu em nenhum processo do ex-governador. O STF ainda vai definir o que fazer com os processos já concluídos.

Enquanto aguarda os próximos passos, Cabral se adapta à nova realidade na cadeia. Ele passou a sentir animosidade de alguns companheiros de cárcere após as confissões.

O clima entre os familiares do ex-governador e os do empresário Miguel Iskin, representante de multinacionais do setor de saúde, foi o primeiro a azedar em Bangu 8 nos dias de visita.

Ele pediu transferência para o Batalhão Especial Prisional de Niterói, onde está detido o ex-governador Luiz Fernando Pezão (MDB). Autorizada pelo juiz Marcelo Bretas, a mudança foi vetada pela Vara de Execuções Penais. Sua liberdade, porém, é vista com preocupação no Ministério Público Federal.

El Hage classifica a saída de Cabral como um risco. A Procuradoria ainda desconfia que o acusado mantenha oculto parte de seu patrimônio obtido com propinas, apesar das confissões.

“Ele é líder da maior organização criminosa que já foi descoberta no estado do Rio de Janeiro. Não tenho dúvidas de que ele ainda tem muito poder e, em liberdade, pode continuar manipulando essa máquina que funciona a seu serviço”, disse o procurador.

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