Cosme de Farias nasceu no dia 2 de abril de 1875, filho de Paulino Manuel (Comerciante de madeira) e Júlia Cândida de Farias (vendedora ambulante), na região de São Tomé de Paripe – subúrbio ferroviário de Salvador. Casou-se com Semíramis de Andrade Farias, com que conviveu durante 65 anos até o falecimento dela em 5 de dezembro de 1963, não deixando descendentes.
Oriundo de uma família humilde, Cosme de Farias era um menino pobre que cursou apenas o ensino primário na Escola Benvindo Barbosa na freguesia da Conceição da Praia. No entanto, isso não foi um impedimento para que ele se destacasse em variadas áreas do conhecimento. A sua vida profissional tem início na adolescência quando ajudava seu pai na venda de madeira. Logo mais, aos 19 anos, trabalhou no Jornal de Notícias na função de repórter. Ao longo do tempo em que exerceu esta função, adquiriu o direito de desenvolver atividades como rábula. Cosme de Farias atuou com bastante relevo como assistencialista, poeta, militante das causas sociais e políticas, vereador e deputado federal. Aposentou-se como funcionário público.
Em 1909, Cosme de Farias ganhou o título de “Major”, do 224º Batalhão de Infantaria da Guarda Nacional. Morreu no dia 15 de março de 1972 em Salvador aos 96 anos. De jeito simples, andava sempre com o seu chapéu de palhinha e gola alta, alheio a qualquer tipo de formalismo. Conhecido como “Advogado dos pobres” e “Anjo da guarda dos excluídos de Salvador”, sua contribuição e luta, ainda hoje, estão presentes na memória popular, em especial das camadas menos favorecidas.
O jornalista
Em 1894, deu inicio à atividade de jornalista, atuando como repórter no Jornal de Notícias. Também foi funcionário e colaborador dos periódicos: Diário de Notícias, Diário da Bahia, Gazeta do Povo, A Bahia, Diário da Tarde, A Hora, O Jornal, A Noite, O Democrata e o Imparcial, passando por variadas funções, iniciando como foca* e chegando a ser diretor de redação. Ao longo da sua carreira, como jornalista, participou da fundação e integrou a diretoria da Associação Baiana de Imprensa (ABI). Também foi o fundador dos periódicos O Colibri (1898-1899), O Cysne (1899-1900) e A Bala (1900).
*Jornalista em início de carreira.
O Rábula*
Aos 19 anos, após assegurar absolvição de um réu acusado de roubo, ganhou a autorização para atuar como rábula. Exerceu esta atividade por 70 anos, atuando em mais de 30 mil processos. Cobrava honorário apenas daqueles com condição de pagar. A sua atuação tem início antes da institucionalização da Defensoria Pública na Bahia, criada em 1966. Defendia, na maioria das vezes, réus acusados de infrações penais e cíveis, sobretudo em favor de menores com pais desconhecidos. “Seu público era constituído por réus quase sempre pobres, nascidos na periferia de Salvador ou interior, negros ou afrodescendentes como ele”. (Mônica Celestino, 2012).
*Título concedido aqueles que exerciam a advocacia sem o curso de bacharelado.
A Militância
Militante atuante, era recorrente o seu envolvimento com diversas organizações da sociedade civil, sejam elas, assistencialistas, religiosas ou reivindicativas. Participou da fundação da LBA (Liga Baiana contra o Analfabetismo), onde a “campanha do ABC pela erradicação da ignorância” ganhou maior relevância. Integrou o Comitê Popular contra Carestia de Vida sendo eleito presidente e a Liga Popular contra a Carestia. É reconhecida sua atuação nas Obras Assistências de Irmã Dulce e dos Órfãos de São Joaquim. Sua militância em movimentos populares contra aumento dos preços: dos transportes, dos alimentos, dos alugueis, dentre outros, são exemplos da inserção do Major na luta pela melhoria das condições da população da cidade.
Vida Política
Enquanto desenvolvia suas atividades como rábula e jornalista, Cosme de Farias, aos 32 anos, passou a disputar os cargos públicos. Indicado por operários grevistas de uma fábrica de cigarros candidatou-se pela primeira vez em 1907 para uma das vagas no Conselho Municipal. Apesar do número expressivo de votos, não foi eleito. Passou por diversos partidos ao longo de sua carreira política, contudo, manteve-se fiel aos ideais do grupo liderado Joaquim José Seabra que foi governador da Bahia entre 1912-1916 e 1920-1924.
Ocupando cargos somente no poder legislativo, Cosme de Farias foi eleito deputado estadual por cinco vezes (1915, 1917, 1919, 1921, 1970), como também os pleitos para conselheiro municipal e vereador em quatro oportunidades (1947, 1950, 1958, 1962).
Fonte: Câmara Municipal de Salvador