O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu uma série de entrevistas aos principais jornais em razão do lançamento do quarto volume dos seus Diários da Presidência, em que narra o momento da transição de seu governo para Luiz Inácio Lula da Silva. Nas entrevistas, não se ateve apenas ao livro: analisa o governo Jair Bolsonaro e a perspectiva para a sucessão de 2022.
Ao jornal Estadão, o tucano demonstra certo ceticismo quanto a uma candidatura de Luciano Huck, ideia à qual foi simpático em 2018. “Sou amigo do Luciano, etc. Agora, preciso ver se ele vai deixar de ser celebridade para ser líder. Celebridade é uma coisa importante, tem acesso ao povo, mas líder é outra coisa. Se ele fizer esse passo, ele tem chance. Às vezes pessoas são eleitas sem ter essa qualidade, chegam ao governo e não governam. Ou governam com dificuldade”, afirmou.
À Folha, ele disse que, mesmo com retrocessos e solavancos, as instituições estão funcionando e que não necessariamente o país vai piorar porque Jair Bolsonaro é de direita e “seu grupo de referência é atrasado, reacionário, antiquado em muita coisa”. FHC defende que a democracia precisa ser permanentemente “cuidada”.
Em todas as entrevistas ele defende a Lava Jato, dizendo que as condenações se basearam em “fatos”, e não em conluio entre juiz e procuradores, e defende que se puna pontualmente eventuais abusos. Sobre Lula, conta que atuou como uma espécie de “goleiro” para garantir perante a comunidade financeira internacional que o petista não ia quebrar regras nem era um “bicho-papão”.