A deputada federal do PSL que acusa o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio (PSL), de comandar um esquema de candidaturas laranjas para desviar dinheiro público de campanha eleitoral, é uma estreante na vida política-partidária. Antes de chegar à Câmara, em fevereiro, a advogada e perita contábil Alê Silva (MG) participou de protestos de rua, como as manifestações de 2013, conforme publicou o Congresso em Foco. Ela também integrou movimentos de combate à corrupção. Por isso, segundo ela, se viu na obrigação de denunciar o colega de estado e partido ao constatar que as irregularidades aconteciam do lado dela.
Para Alê Silva, uma dívida de gratidão com o ministro explica por que o presidente Jair Bolsonaro decidiu mantê-lo no governo, mesmo após a denúncia feita pelo Ministério Público Eleitoral contra ele e o seu indiciamento pela Polícia Federal, ocorridos entre a quinta (3) e está última sexta-feira (4).
Ameaça de morte
Em abril deste ano, Alê foi à PF para acusar Marcelo de ameaçá-la de morte. Ela contou que havia se tornado alvo de ataques nas redes sociais promovidos por aliados do ministro e que recebeu relatos de que ele prometera matá-la durante reunião com partidários.
Segundo a deputada, a maior parte do PSL a abandonou e preferiu apoiar o ministro, ignorando o discurso de combate à corrupção que ajudou a eleger a maioria de seus candidatos. Nem Bolsonaro nem o presidente da sigla, o deputado Luciano Bivar (PE), prestaram solidariedade a ela. “O PSL ficou mais do lado do Marcelo, com certeza. Poucos se manifestaram em minha defesa. A maioria diz que vai aguardar os trâmites legais para ver se fica configurado ou não que ele cometeu crime. Sempre fiquei muito à margem de tudo”, acrescentou.
O apoio mais explícito a ela veio da deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), que cobrou, na época, que Bolsonaro afastasse Marcelo do governo e mostrasse que se importa com as mulheres do partido. O apelo da deputada mais votada da história do país, com mais de 2 milhões de votos, não sensibilizou o presidente.