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sexta-feira 27 de setembro de 2019 às 10:54h

Deputados afirmam que privatização dos Correios é ataque à soberania nacional

POLÍTICA


O Programa de Parcerias e Investimentos do Governo Federal foi duramente criticado em grande ato na Assembleia Legislativa da Bahia, na tarde de ontem (26), pela intenção de privatizar algumas estatais brasileiras. O Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos no Estado da Bahia (Sincotelba) organizou movimento suprapartidário para impedir a privatização da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos que lotou o Auditório Jorge Calmon e contou com políticos de diversas bandeiras políticas, sindicalistas de diversas categorias e trabalhadores da empresa afetada.

No dia 22 de agosto, o Governo Federal anunciou que os Correios serão os primeiros a passarem para a iniciativa privada. Outras 17 companhias constam na lista anunciada, entre as quais Telebrás, Petrobras e Empresa Brasil de Comunicação. Para o deputado Marcelino Galo (PT), líder da Bancada do PT na AL-BA, a intenção é um ataque à soberania e ao patrimônio do país. “Aqui não se trata de defender apenas os interesses do servidor público, é defender uma instituição que presta um serviço fundamental à sociedade brasileira, o maior instrumento de integração”, alertou. Na opinião do deputado, prefeitos de pequenos municípios deveriam estar atentos e lutando contra este movimento, pois, “em muitas cidades, os Correios funcionam como agência bancária”. “Se fecharem as pequenas unidades, a população deverá se deslocar para os centros para realizarem transações bancárias”, frisou.

O contexto tratado pelo líder da Bancada do PT também foi ressaltado por Josué Canto, presidente do Sincotelba. O sindicalista afirmou que os Correios possuem 98 mil funcionários. Na Bahia, são mais de cinco mil servidores. A empresa está presente em todos os municípios do país, e só 324 agências dão o lucro que sustentam a instituição. Canto afirma que o sistema financeiro só tem interesse nas unidades lucrativas, enquanto as demais serão desativadas deixando grande parte da população brasileira sem os serviços oferecidos. “No intendo de justificar a privatização, autoridades do Governo Federal têm utilizado argumentos falaciosos que afrontam a lógica ou são despudoradamente mentirosos. O fato é que os Correios possuem uma situação financeira equilibrada, serviços de qualidade reconhecida e uma infraestrutura logística montada e em pleno funcionamento em todo o país”.

Para barrar a privatização, trabalhadores argumentam que, nos últimos anos, a empresa deu lucro líquido de quase R$ 1 bilhão e se encontra em 2º lugar como uma das instituições mais respeitadas pelos brasileiros, perdendo apenas para os Bombeiros.

A deputada Fabíola Mansur (PSB) alertou que o “Governo de Jair Bolsonaro quer fazer uma ‘queima de estoque’, com as estatais como se faz numa loja”. Na posição da deputada, “o governo federal precisa ser combatido diariamente pela população brasileira”.

Já o parlamentar Hilton Coelho (Psol) acredita que a decisão de privatizar as estatais vai impactar primeiramente os empregos e, depois, “o Brasil se tornará apenas um entreposto para os grandes capitais extraírem matérias-primas para suas indústrias”.

Lucila Correia, representante da Federação Nacional dos Correios (Fentect), elencou as possíveis perdas para a população brasileira, caso se concretize a privatização da empresa, como: o aumento dos valores cobrados pelos serviços oferecidos atualmente, a retirada das agências em municípios pequenos, a dificuldade de compra pela internet (aumento do frete com a ausência das agências nas cidades) e o desemprego de mais de cinco mil pessoas. “Não queremos que os Correios sejam privatizados e nem fatiados. Correios não são só cartas, mas também encomenda, solidariedade, serviço social”.

“Estamos assistindo ao desmonte do patrimônio nacional. Temos que resistir para minimizar os ataques e lutar todos os dias para que este projeto não tenha sucesso. Precisamos pensar num desenvolvimento de sociedade”, defendeu deputado Rosemberg Pinto (PT), líder da Bancada do Governo na AL-BA.

Também participaram do ato a deputada Neusa Cadore (PT), a deputada Fátima Nunes (PT), o deputado Jacó (PT); os deputados federais Nelson Pelegrino, Pastor Sargento Isidório (Avante-BA); os vereadores de Salvador Marcos Mendes (Psol) e Marta Rodrigues (PT); o vereador de Vitória da Conquista Professor Cori (PT); Inaldo Behrens (ex-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios – Adcap); Cedro Silva, presidente da CUT-BA.

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