O Idealizador do Setembro Amarelo, campanha de combate e prevenção ao suicídio, o psiquiatra mineiro Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Psiquiátrica da América Latina (APAL) e ex-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), foi homenageado, na noite desta última quinta-feira (12), com o Título de Cidadão de Salvador.
A honraria foi entregue pelo vereador e também médico Cezar Leite (PSDB), em sessão solene conduzida pelo presidente da Casa, vereador Geraldo Júnior (SD), como forma de reconhecimento por sua dedicação à saúde mental, destacando a luta contra a psicofobia.
Em sua saudação, Cezar Leite citou outras campanhas lideradas pelo psiquiatra, como a “Craque que é Craque não usa Crack”, que contou com o apoio de vários artistas, assim como sua luta contra qualquer tipo de preconceito. “Nesses cinco anos da campanha Setembro Amarelo tivemos muitas vitórias e devemos muito a Antônio Geraldo, nosso patrono da causa da psicofobia”, afirmou o vereador, que resumiu a jornada do homenageado na medicina brasileira.
O presidente Geraldo Júnior observou que o médico viveu grande parte da vida em Montes Claros (MG), quase na divisa com a Bahia. “Estamos homenageando um grande homem, que trabalha pela humanidade. Um ser humano altruísta, que coloca o outro em primeiro lugar”, declarou.
Doentes nas cadeias
Da tribuna do plenário, enfeitada com flores amarelas em alusão à campanha contra o suicídio, Antônio Geraldo agradeceu a honraria. Natural de Grão Mogol, no norte de Minas, mora em Brasília desde o início da formação em medicina, quando teve que morar, literalmente, em um hospital psiquiátrico para fazer residência médica, por falta de recursos. “Era uma coisa de doido, mas me dava o maior prazer”, brincou.
O homenageado defendeu políticas públicas “que possam atender a qualquer um de nós com dignidade e respeito”. E protestou contra o fechamento de hospitais psiquiátricos, o que classificou como inaceitável: “É um absurdo que, por ideologia política, se despeje nas ruas doentes mentais sem tratamento adequado, Hoje temos mais de 70 mil doentes graves nas cadeias e penitenciárias. Combater a existência desses hospitais é um ato criminoso. Não lutamos por políticas de governo, mas de Estado, independentemente de quem esteja no poder”.
O novo cidadão soteropolitano foi conduzido ao Plenário Cosme de Farias pela médica e amiga Miriam Gorender, diretora da ABP-BA, e pelo vereador Cezar Leite. Presidente da Associação de Apoio a Familiares e Pessoas com Transtornos Mentais na Bahia (Afatom), Rejane de Oliveira dos Santos também fez uma saudação a Antônio Geraldo. Com três irmãos portadores de esquizofrenia, ela agradeceu ao médico pela “luta incansável” contra o fechamento das unidades: “Desinstitucionalização sim, mas desativação dos hospitais psiquiátricos não”.
O Ministério da Saúde foi representado por Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde, e por Maria Dilma Teodoro, coordenadora nacional de Saúde Mental. Sandra Paula Peu, diretora de Articulação e Projetos Estratégicos, representou o Ministério da Cidadania. Em vídeo exibido no evento, várias personalidades saudaram o homenageado, a exemplo do ministro da Cidadania, Osmar Terra, e da presidente da ABP, Carmita Abdo.
Para o ato de entrega da honraria o vereador Cezar Leite convidou Cláudio Meneguelo Martins, diretor da ABP e amigo do psiquiatra, e Leandro Serafim, presidente dos Médicos pelo Brasil. Além do Título, Cezar Leite entregou ao psiquiatra uma placa assinada pela Frente Parlamentar de Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio, que preside, e outras entidades.
Compuseram a mesa da sessão, ainda, Mônica Menezes Bahia Alice, representante dos Médicos pelo Brasil; Jecé Freitas Brandão, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM); e Evandro Gouveia, representante do Conselho Regional de Medicina (Cremeb).