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Em decisão inédita, Temer efetiva militar

quinta-feira 14 de junho de 2018 às 11:03h

O presidente Michel Temer não seguiu recomendação de assessores e auxiliares e efetivou nesta última quarta-feira (13) para o comando do Ministério da Defesa o general do Exército Joaquim Silva e Luna.

Com a decisão, é a primeira vez desde que a pasta foi criada, em 1999, que um militar ocupa o posto. Desde fevereiro, o general desempenhava a função de maneira interina, já que a intenção do presidente era encontrar um civil para o cargo. Com dificuldades de achar um nome, contudo, ele optou por uma solução caseira.

Em fevereiro, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, chegou a afirmar que a pasta é “típica de um civil”. Em evento na mesma época, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse que colocar um civil à frente da estrutura era, no passado, símbolo de qual poder prevalece no país.

Nos últimos meses, o presidente foi aconselhado a escolher um nome civil que não passasse a ideia de fortalecimento dos militares em seu mandato e que não causasse constrangimento à Marinha e à Aeronáutica por ter optado por alguém do Exército.

Desde o início de seu mandato, Temer tem dado aos militares o controle de áreas sensíveis de seu governo. De forma inédita na redemocratização, eles exercem cargos na Funai, na Abin, na Casa Civil, entre outras áreas.

A afinidade de Temer com as Forças Armadas é antiga. Como vice-presidente, ele foi escalado para coordenar o plano nacional de fronteiras, o que o aproximou dos militares.

Durante o impeachment de Dilma Rousseff, recebeu manifestações reservadas de apoio de generais de alta patente e, desde que assumiu o Palácio do Planalto, faz questão de comparecer a eventos militares.

CRISE

Em um mandato marcado por crises sucessivas, o presidente reconheceu nesta quarta-feira (13) que a sua rotina no cargo é imprevisível, com o risco diário de uma nova turbulência.

Em evento com a presença de agentes de segurança, ele comparou a sua atividade a de um secretário estadual de segurança pública, na qual uma “tranquilidade absoluta” pode se tornar em questão de horas uma “coisa explosiva”.

Atualmente, além de ser alvo investigações por supostas irregularidades, ele tem enfrentado ameaça de uma nova paralisação nacional por causa da disputa entre caminhoneiros e empresários na elaboração de uma nova tabela de frete.

“A Presidência é mais ou menos como ser secretário da segurança pública. Às vezes, você chegava às 8h em uma tranquilidade absoluta e, em duas ou três horas, acontecia uma coisa explosiva e aquilo tomava o trabalho até 2h. A Presidência é mais ou menos assim. Hoje vou para lá na maior tranquilidade, mas não se sabe o que vai acontecer. Pode ser que às 12h aconteça um fato extraordinário”, disse.

Em dois anos à frente do Palácio do Planalto, o presidente enfrentou duas denúncias, perdeu ministros por acusações de corrupção, teve rebeliões na base aliada e viu sua popularidade desabar. Em conversas reservadas, ele reconhece que não imaginava que seria tão difícil.

Segundo a última pesquisa Datafolha, a taxa de reprovação ao governo chegou a 82%, a mais levada desde a redemocratização do país. Ela apontou ainda que 92% não votariam em um candidato presidencial indicado por ele.

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