O Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia (TCM/BA) criou um Núcleo de Auditoria Operacional e de Projetos Cofinanciados com Recursos Externos – NAOP, que ficará encarregado de auditar as obras de infraestrutura e projetos sociais em municípios baianos que contam com financiamentos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) ou do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) – mais conhecido como Banco Mundial.
O núcleo, que apresentou n esta segunda-feira (15) seu plano de trabalho, será coordenado pelo auditor e conselheiro substituto Ronaldo de Sant’Anna.
Os auditores do TCM serão responsáveis pela fiscalização de contratos celebrados pela prefeitura de Salvador com as duas instituições internacionais que envolvem recursos da ordem de U$S 500 milhões, que serão aplicados em obras sociais, de educação e saúde – especialmente na região do subúrbio ferroviário de Salvador – além de projetos turísticos. Isto se tornou possível depois que foi assinado, no final do ano passado, protocolo de entendimento com o BID que credencia o TCM para a realização das auditorias de acompanhamento que são exigidas pelo próprio banco nas obras por ele financiadas.
Para isso, o BID está oferecendo treinamento e consultoria ao corpo técnico do TCM sobre normais internacionais de auditoria, e o Bird disponibilizou recursos não só para treinamento de auditores, mas também para aquisição de ferramentas tecnológicas necessárias para dar agilidade e segurança ao trabalho. Isto, segundo o professor José Francisco de Carvalho Neto, diretor da Escola de Contas do TCM, vai possibilitar um salto de qualidade no trabalho que vem sendo realizado pelos técnicos do tribunal “não só pela adoção de normas internacionais, mas também porque proporcionará um redesenho dos processos auditoriais, a elaboração de modernos manuais de procedimentos e aprimoramentos na elaboração de relatórios de auditoria. Assim como dará acesso a nossos técnicos a cursos – com reconhecimento internacional – de especialização no combate a fraudes e corrupção, como também sobre impactos ambientais e reparação de danos”.
O conselheiro substituto Ronaldo de Sant’Anna destacou que, nesse processo de especialização dos auditores do TCM para atender as demandas do BID e Bird, os técnicos do TCM estão tendo acesso a ferramentas tecnológicas, informações e treinamento para o uso do Sistema de Gerenciamento de Auditoria (SGA), do Tribunal de Contas do Estado da Bahia, por determinação do presidente do TCE, conselheiro Gildásio Penedo Filho.
“O TCE – destacou o conselheiro substituto e coordenador do NAOP – tem expertise, é referência nacional em auditoria de contratos de órgãos públicos com instituições multinacionais de financiamento. Tem experiência de décadas neste tipo de trabalho, e o presidente Gildásio Penedo Filho fez questão de dar acesso às ferramentas e orientou seus auditores a instruir e dar consultoria aos nossos profissionais, de modo a que possam atender as exigências de qualificação do BID e do Bird”.
Para dar uma dimensão do desafio e da responsabilidade do TCM com o trabalho, Ronaldo de Sant’Anna destacou que os contratos da prefeitura com as duas instituições internacionais envolvem recursos que correspondem a quase 30% do orçamento de Salvador. Os U$S 500 milhões, que devem ser aplicados ao longo dos próximos cinco anos, representam os orçamentos – somados – de 90 municípios baianos. “A título de ilustração, representam também a soma dos orçamentos de 132 anos do município de Dom Macedo Costa, o mais pobre da Bahia”.
Os dois primeiros contratos de financiamento do BID cuja execução está auditada pelo TCM envolvem recursos da ordem de US$120.012.340,00. O primeiro, no âmbito do Prodetur, terá US$52.512.340 do BID e uma contrapartida da Prefeitura de Salvador de US$52.512.340,00, e visa “promover o desenvolvimento turístico em Salvador para alavancar a renda e emprego formal da população, com ênfase na cultura dos afrodescendentes”. O segundo – e do ponto de vista social mais importante –, é o que prevê a recuperação e revitalização para ocupação popular da área do Rio Mané Dendê, também conhecida como “a cidade de plástico”, situado na região do subúrbio da capital. Nas obras serão investidos um total de US$67,5 milhões.
O objetivo do BID, com a parceria com o TCM é “fortalecer os órgãos de controle nacionais do Brasil”, e para isso foi feito um diagnóstico sobre as práticas de auditoria governamental aplicadas pela Corte de Contas, com base na metodologia e ferramenta denomina “Guia para a Determinação de Nível de Desenvolvimento e Uso da Gestão Financeira Pública”, desenvolvida pelo banco. O diagnóstico que foi feito no TCM, com relação à estrutura, organização, metodologia, aplicação das normas internacionais de auditoria, capacidade e disponibilidade para execução dos processos de auditoria independente de projetos financiados pelo banco foi considerado positivo.