O Ministério Público Federal (MPF) solicitou na última sexta-feira (12) à Justiça Federal o afastamento provisório do prefeito de Itaituba, Valmir Climaco (MDB), por ameaçar servidores da Funai (Fundação Nacional do Índio) designados para inspecionar uma de suas fazendas.
A área, reivindicada por indígenas da etnia mundurucu, foi alvo no domingo passado (7) de uma ação da Polícia Federal, que apreendeu 583 kg de cocaína.
Houve troca de tiros e duas pessoas foram presas no local, mas as investigações, até agora, não estabeleceram a relação da droga com o prefeito, que nega qualquer envolvimento com narcotráfico.
A apreensão representa pouco mais de um terço de toda a cocaína apreendida neste ano no Pará, em torno de 1,5 tonelada. Itaituba, de cerca de 100 mil habitantes, é o maior centro de extração ilegal de ouro da Amazônia.
Autores da ação civil pública contra o prefeito, os procuradores Luís de Camões Boaventura e Paulo de Tarso Oliveira afirmam que Climaco “descumpriu obrigações funcionais ao adotar comportamento visando apenas o interesse pessoal”.
As ameaças de Climaco ocorreram durante audiência pública em 7 de junho, segundo relatos de servidores da Funai que integram um grupo de trabalho criado para notificar fazendeiros e agricultores de que seus imóveis estão dentro de área passível de demarcação.
Ao ouvir isso, o prefeito “recomendou aos moradores que recebam a equipe ‘à bala’, sendo essa postura que ele teria em seu imóvel”, afirma ofício da Funai enviado ao Ministério Público Federal.
Em entrevista à Folha, Climaco negou que tenha ameaçado disparar contra os funcionários públicos, mas disse que “na minha propriedade não entra de jeito nenhum”.
No final de junho, porém, os servidores da Funai estiveram no imóvel do prefeito escoltados pela Polícia Federal.