A maior parte dos setores da economia vêm sofrendo os impactos imediatos da paralisação dos caminhoneiros em todo o país esta semana. Há prejuízos, entretanto, que ainda estão sendo estimados pela equipe econômica. Eles afetam diretamente as contas do governo federal em 2018 e, claro, de alguma forma vão chegar ao bolso do brasileiro. O custo fiscal do acordo proposto para encerrar a greve que teve início na última segunda-feira (21) já chega a R$ 13,4 bilhões e pode subir para R$ 26,9 bilhões se o Congresso Nacional reduzir a zero o PIS/Cofins do diesel.
O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, afirmou ontem que o movimento terá “impacto muito relevante” na economia e que o governo fez “concessões importantes” esperando o fim paralisação nas estradas, o que não aconteceu.
OUTROS IMPACTOS ECONÔMICOS DA PARALISAÇÃO
Bolsa perde 5% na semana
A crise em torno da paralisação dos caminhoneiros continuou no centro das atenções do mercado de ações ontem, o que levou a Bovespa a encerrar sua pior semana em 2018 e nos últimos 12 meses com queda de 1,53% nesta sexta e acumulada de 5,04% na semana. O Índice Bovespa operou em terreno negativo na maior parte do dia, influenciado ainda pelo cenário internacional, e fechou aos 78.897,66 pontos.
Ações da Petrobras
Ao final dos negócios, Petrobras ON e PN caíram 0,73% e 1,39%. Na véspera, as ações da estatal recuaram 13,71% (PN) e 14,55% (ON). Na semana, os papéis da petroleira perderam mais de 20%.
Agência de risco
Na visão da agência de classificação de risco Moody’s, a decisão de congelar o diesel por 15 dias e baixar o preço nas refinarias em 10% “não afeta materialmente a geração de caixa da empresa (Petrobras)”. “Mas, se o governo, que controla a empresa, impor alguma alteração nas proteções legais ou na governança corporativa da empresa, o perfil de crédito da Petrobras seria afetado negativamente”, comentou a Moody’s ontem.
Direção
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, negou que tenha tido qualquer intenção de entregar o cargo. O executivo mantém o mesmo posicionamento frente à necessidade de continuidade da atual política de preços dos combustíveis da estatal. Os rumores de uma possível demissão do executivo deram impulso à queda das ações da petroleira. O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, também afirmou em entrevista coletiva que não há a possibilidade de renúncia de Parente. “De forma alguma, não chegou ao meu conhecimento”, afirmou Guardia.
Dinheiro
O abastecimento de caixas eletrônicos também pode ser afetado pela paralisação. Isso porque o estoque de combustível dos fornecedores que atendem às transportadoras de valores só está garantido até amanhã, segundo a TecBan, empresa que administra a Rede Banco24Horas de caixas eletrônicos. Segundo a empresa, há risco de faltar combustível para os carros-fortes.
Comércio
A Fecomércio-BA estima que a greve dos caminhoneiros pode levar a perdas de R$ 50 milhões por dia em Salvador e Região Metropolitana. Em toda a Bahia, os prejuízos diários do comércio podem chegar a R$ 150 milhões. O reflexo para o varejo no cenário nacional é estimado em R$ 5,4 bilhões por dia.
Indústria
Pelo menos 11 mil veículos deixaram de ser produzidos no Brasil por causa da greve dos caminhoneiros, aponta levantamento feito pela Agência Estado com algumas das montadoras que interromperam as atividades. São elas Honda, Nissan, Renault e o grupo FCA (Fiat e Jeep). O número é ainda maior porque algumas das principais fabricantes do país não revelaram números de sua produção, como, por exemplo, Volkswagen, GM e Ford. As empresas não conseguem produzir por falta de peças.