O desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), Wilson Alves de Souza, é o mais novo comendador da Bahia. O magistrado recebeu da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) a mais alta honraria da Casa em sessão especial realizada na manhã desta sexta-feira (21). A homenagem foi proposta pelo deputado Euclides Fernandes (PT) em reconhecimento à contribuição do desembargador para o Poder Judiciário brasileiro ao longo de mais de 30 anos de carreira.
Wilson Alves de Souza é natural da cidade baiana de Riachão do Jacuípe. Formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), o magistrado é mestre em Direito Econômico e doutor em Ciências Jurídicas e Sociais. Ele também é especialista em processo civil e pós-doutor em Direito Processual Civil.
Na carreira profissional, exerceu a docência em algumas instituições, atuou como juiz federal da 7ª Vara da Bahia, foi diretor do Foro da Seção Judiciária na Bahia, juiz eleitoral no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA) e juiz convocado no TRF1. Sua nomeação para o cargo de desembargador federal aconteceu no ano de 2019.
Autor da proposição para homenagear o desembargador, o deputado Euclides Fernandes relembrou a carreira do filho de Seu Esperidião e Dona Antônia. “O homenageado é portador de brilhante e vasto currículo e é merecedor de ostentar esse leque de homenagens recebido ao longo da sua carreira, incluindo a mais alta honraria do Parlamento baiano”, contextualizou.
Trajetória
O parlamentar também falou sobre a importância da Comenda 2 de Julho para agraciar figuras merecedoras em forma de reconhecimento pelos serviços prestados ao povo baiano. “O 2 de Julho é símbolo da nossa altivez, da nossa liberdade, da nossa verdadeira independência. Esta comenda está justamente aposta em seu peito, desembargador, processualista, guardião da lei e da justiça, garantidor do Estado Democrático de Direito. Em toda a sua trajetória forense, o nosso homenageado tem sido um distribuidor da boa justiça, seguindo a lição do mestre baiano Ruy Barbosa”, relacionou Euclides Fernandes.
Quem também fez uma saudação ao magistrado foi o deputado Luciano Simões Filho (UB), que enalteceu a trajetória do desembargador. O legislador lembrou que Wilson Alves de Souza tem uma vida marcada pela educação, área em que ajudou e transformou a vida de centenas de pessoas enquanto difusor do conhecimento. “O senhor é merecedor dessa homenagem que lhe prestam os 63 deputados desta Casa. O senhor tem uma trajetória brilhante como acadêmico, jurista e magistrado. Levaste ao pé da letra o hino de Riachão do Jacuípe: ‘Os jacuipenses, estudando e trabalhando, ajudando o progresso da nação, sempre juntos de mãos dadas’”, citou o deputado.
O juiz federal Carlos D’Ávila foi à tribuna para registrar sua homenagem ao colega magistrado. Ele contou um pouco da história de vida do desembargador e enalteceu a dedicação do filho de Riachão do Jacuípe aos estudos. “Ele sempre foi caracterizado como um homem de estudo. Ele se dedicou a aprender, e para aprender, sacrificou a maior parte do seu tempo útil. A síntese de um homem que estuda se concentra em sua profissão e na capacidade de transmitir conhecimento àqueles que são seus alunos. Wilson conseguiu transformar a sua sala de aula em um prolongamento da sua própria alma e conseguiu transformar o seu gabinete, a sua toga, em ferramenta de trabalho”, contou.
Agradecimento
O desembargador Wilson Alves de Souza recebeu a Comenda 2 de Julho ao lado da esposa, filhos e netos. Em seu discurso, não conteve a emoção e foi às lágrimas ao externar sua gratidão ao seu pai Esperidião e a sua mãe Antônia. O magistrado do Tribunal Regional Federal da 1ª Região falou da felicidade em ser homenageado com a honraria e agradeceu ao deputado Euclides Fernandes pela proposição. “O momento, para mim, é de gratidão. Meu agradecimento eterno pela sua iniciativa, deputado. E também a todos os deputados que aprovaram essa homenagem por unanimidade”, discursou.
Wilson Souza enfatizou o caráter histórico do 2 de Julho para a Bahia e para o Brasil no contexto de luta pela independência e combate contra as forças portuguesas em 1823. “O 2 de Julho, como sabemos, é vital para a Bahia e para o Brasil. Não é considerada a data da independência do Brasil por fatores que bem sabemos, como culturais, econômicos e ideológicos. Não se deve idolatrar o general Labatut, mas sim os baianos que lutaram pela expulsão das forças portuguesas. Foram os baianos que libertaram a cidade de Salvador com armas nas mãos. Primeiro, foram os brasileiros de Santo Amaro, Maragogipe, Cachoeira, São Félix, São Francisco do Conde, Nazaré das Farinhas e Jaguaripe que formaram o exército dos esfarrapados”, relatou o desembargador.
Por fim, o homenageado parafraseou o pedagogo e filósofo Paulo Freire ao dizer que mestre é quem aprende enquanto ensina. Ele fez questão de falar que recebe a honraria com humildade. “Essa homenagem para mim é muito rica, mas não vou ficar vaidoso. Recebo isso aqui com muita humildade e com responsabilidade. Representa um peso, que nada mais é do que assumir o compromisso de continuar minha caminhada. A travessia continua”, apontou.
A solenidade teve a mesa de honra composta por autoridades, além das mencionadas acima, como: desembargador José Alfredo Cerqueira da Silva, 2º vice-presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA); procurador-geral de Justiça da Bahia, Pedro Maia Souza Marques; procurador da República André Luiz Batista Neves, representando o Ministério Público Federal (MPF); juíza federal diretora do Foro da Justiça Federal baiana, Sandra Lopes Santos de Carvalho; desembargadora Pilar Célia Tobio de Claro, corregedora das Comarcas do Interior do TJ-BA; desembargadora eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ), Manoela Dourado; desembargador do TJ-BA Raimundo Sérgio Sales Cafezeiro; desembargador José Soares Ferreira Aras Neto, representando a Corregedoria Geral do Judiciário baiano; presidente da Associação dos Magistrados da Bahia (Amab), desembargador Julio Cezar Lemos Travessa; e o coordenador do programa de pós-graduação em Direito da Universidade Federal da Bahia, João Glicério de Oliveira Filho.