O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Taxa Selic em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (19), de 13,25% para 14,25% ao ano, entregando o choque de juros prometido no fim do ano passado para tentar controlar a inflação. Com o movimento, a Selic alcançou o patamar mais alto desde outubro de 2016 e se iguala ao nível da crise do impeachment de Dilma Rousseff. Esse patamar já deve ser superado na próxima reunião, em maio, já que o Copom indicou que deve aumentar a Selic mais uma vez, embora em menor ritmo.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, da elevada incerteza e das defasagens inerentes ao ciclo de aperto monetário em curso, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de menor magnitude na próxima reunião.”
Foi o quinto aumento consecutivo da taxa Selic neste ciclo de aperto monetário, iniciado em setembro de 2024, e o segundo na gestão de Gabriel Galípolo, indicado à liderança do BC pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva — um crítico dos juros elevados, mas que vem sentindo na o efeito do aumento de preços em sua popularidade.
A decisão desta quarta-feira era amplamente esperada pelo mundo político e pelo mercado financeiro, seguindo a sinalização do BC nos últimos dois encontros do Copom. Entre 125 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, todas acreditavam em uma alta de 1 ponto na Selic.
“Diante da continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação, o Comitê antevê, em se confirmando o cenário esperado, um ajuste de mesma magnitude na próxima reunião”, disse o BC, na reunião de janeiro.
Desde então, a situação inflacionária emitiu novos sinais de alerta. O IPCA — índice oficial de inflação — voltou a se afastar do intervalo da meta em 12 meses. Passou de 4,56% em janeiro para 5,06% em fevereiro, contra o limite de tolerância de 4,5% — a meta é de 3,0%. As expectativas de inflação também continuaram se deteriorando. Para 2025, subiram de 5,50% para 5,66% e, para 2026, de 4,22% para 4,48%.
Houve, por sua vez, notícias mais favoráveis ao processo de redução da inflação. O dólar, que estava em R$ 6,00 em janeiro e R$ 6,20 em dezembro, se acomodou ao redor de R$ 5,80.
Outro ponto positivo para o trabalho do BC no controle da inflação é que começam a se acumular evidências de que a atividade econômica, atualmente sobreaquecida, está perdendo força, a exemplo da surpresa negativa com o Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2024 (0,2%).
Em janeiro, o BC afirmou que acompanharia “prospectivamente” o ritmo da atividade econômica, o repasse do comportamento do câmbio para os preços internos e as expectativas de inflação.