As câmeras corporais dos dois policiais militares acusados de estuprar uma jovem de 20 anos na noite de domingo (2) não foram acionadas durante os fatos relatados pela vítima. Segundo o jornal O Globo, o cabo James Santana Gomes e o soldado Léo Felipe Aquino da Silva desligaram ou retiraram de seus uniformes as câmeras corporais que portavam.
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A moça teria sofrido o abuso durante uma carona com dois PMs do 24º Batalhão de Polícia Militar, de Diadema, na Grande São Paulo. As únicas imagens à disposição dos investigadores são do celular da vítima, mas não trazem informações conclusivas.
Segundo a investigação, existem algumas brechas a serem esclarecidas. A jovem foi submetida a exame de corpo delito, mas os policiais ainda não estão indicados pelo estupro.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que os PMs foram presos pelos crimes de “abandono de posto” e “descumprimento de missão”, por terem dado carona para a jovem. Ambos deixaram a área de patrulhamento a eles incumbida “sem autorização e sem motivo justificado”. A acusação de estupro, segundo a pasta, “é rigorosamente apurada pela instituição”.
A mãe da jovem disse ao jornal O Globo, que a filha está à base de calmantes, bastante machucada e emocionalmente abalada. Ela relata que a filha foi abusada pelos dois PMs no banco de trás da viatura, e que havia bebidas alcoólicas dentro do veículo.
— Eles estavam fazendo uso de bebida. Os policiais estavam bebendo na viatura no horário de trabalho. Olha que polícia maravilhosa a gente tem em São Paulo. Eles estavam curtindo o carnaval na viatura em horário de expediente — disse.
De acordo com a Polícia Militar, o cabo Gomes e o soldado Silva cumpriam escala de serviço naquela noite e, durante o patrulhamento, foram solicitados pela jovem para que a levassem a algum terminal de ônibus. Eles teriam levado a mulher até o Terminal de Ônibus Piraporinha, onde perguntaram a um funcionário do terminal informações sobre qual ônibus ela deveria utilizar para chegar à sua residência.
Ainda de acordo com o relato dos PMs, eles pediram à jovem que desembarcasse da viatura, e ela teria se exaltado, informando que não ficaria naquele local. Em seguida, ela teria ameaçado os policiais, dizendo que diria aos seus superiores que os agentes tinham cometido o estupro. Ainda de acordo com os PMs, eles acessaram a Avenida do Estado e a deixaram em um ponto de ônibus.
Versão contestada
A mãe da jovem nega a versão da PM. Ela afirma que os policiais, depois de praticarem o estupro, colocaram a jovem descalça e sem nenhum pertence para fora da viatura. Ficaram, inclusive, com o Iphone dela.
— Eles vão falar o que convém. Mas, se são tão inocentes, por que colocaram a minha filha para fora da viatura, descalça, roubaram todos os pertences dela, todos os documentos, bolso, óculos de grau, inclusive o iPhone? Por que ficaram com o telefone dela? Porque ela tinha mais vídeos que ela não conseguiu enviar pra gente. Então ali é prova, né? —
Segundo a mulher, a filha faz tratamento para depressão com remédios controlados há vários anos e já denunciou o pai por estupro para a Polícia Civil no ano passado, parte das razões de seu histórico de doenças mentais. Nada disso, entretanto, invalida seu relato sobre os ocorridos no domingo, diz a mãe.
— É um pesadelo, sabe? É um pesadelo. Se ela estava bêbada ou não, se faz tratamento ou não, isso não justifica. Ela estava vindo de um bloquinho de carnaval… É a mesma coisa de você falar assim: ‘pô, aquela menina ali, ó, que está na rua, ela foi estuprada porque ela está com a saia curta. Ela pediu ajuda para carregar o iPhone porque ela estava sem bateria. Se o policial viu que ela estava ali numa situação vulnerável, que tivesse encaminhado para o Pronto Socorro ou delegacia mais próxima. Mas não. Ficaram dentro da viatura dando voltas e voltas com ela por horas, e abusaram sexualmente dela no banco traseiro. Os dois, não um só — relata.
Ainda de acordo com a mulher, a jovem passou por exames no Instituto Médico Legal e passou parte do dia de ontem no Hospital da Mulher.
— Até mesmo a médica que fez a perícia dela, para verificar os hematomas, porque ela está muito machucada, ficou abismada com a quantidade de roxos — finaliza.