O advogado da União Rafaelo Abritta, apoiado segundo Eduardo Barretto, do Estadão, pelo ministro da Defesa, José Múcio, e pelos comandantes das três Forças Armadas para ser indicado ao Superior Tribunal Militar (STM), teve cargos de confiança nas gestões petistas, mas também nos governos de Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB). Uma cadeira do STM destinada a advogados será aberta em 11 de abril com a aposentadoria do ministro José Coêlho Ferreira.
Desde o início do atual governo Lula da Silva (PT), Abritta chefia a área de Relações Institucionais do Ministério da Defesa e é um dos auxiliares de Múcio. Em 2009, no segundo mandato de Lula, os dois haviam trabalhado juntos quando Múcio foi nomeado para o Tribunal de Contas da União (TCU), onde Abritta atuava pela Advocacia-Geral da União (AGU).
Em 2019, início da gestão Bolsonaro, Múcio presidia o TCU e mantinha reuniões com o então ministro da Economia, Paulo Guedes. Com a carreira construída na iniciativa privada, Guedes dizia ter receio das regras rígidas do serviço público. Múcio indicou Abritta para trabalhar com Guedes no Ministério da Economia e coordenar o setor de compliance da pasta.
Poucos servidores públicos mantiveram cargos de chefia na conturbada passagem de poder entre as gestões Dilma Rousseff e Michel Temer, no impeachment da petista em 2016. Um deles foi Abritta, que semanas após defender a petista no TCU no julgamento das pedaladas fiscais foi nomeado secretário-executivo adjunto da Casa Civil de Temer, sob o ministro Eliseu Padilha.
Abritta também trabalhou com Dilma ainda no primeiro mandato de Lula, em meados de 2004, quando a petista era uma desconhecida ministra de Minas e Energia.
Além do cargo atual na Defesa, Rafaelo Abritta representa a pasta nas comissões de Anistia e de Mortos e Desaparecidos Políticos. Foi o primeiro civil a ocupar a cadeira do ministério nesses colegiados, historicamente vistos pela caserna com resistência, por tratarem da ditadura militar de 1964.
Pelo menos outros quatro candidatos disputam a vaga no STM: José Levi Mello, ex-ministro da AGU e atual conselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), ligado ao ministro do STF Alexandre de Moraes; a advogada Verônica Sterman, que já defendeu a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o vice-presidente Geraldo Alckmin; a advogada Edilene Lôbo, ministra substituta do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); e Afonso Prado, defensor público da União que atua no STM.