O que aconteceu
O presidente Lula da Silva (PT) tem mantido as decisões sob sigilo e diz a auxiliares que ainda decidiu o que fará com a pasta. O cargo é responsável pela interlocução do governo com o Congresso. Padilha acumulou críticas nos dois primeiros anos do governo e inclusive era publicamente criticado pelo ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Posse de Padilha na Saúde foi marcada para o dia 6 de março. Auxiliares do presidente disseram conforme reportagem de Carolina Nogueira e Lucas Borges Teixeira, do Uol, que as mudanças ministeriais só devem ser concluídas após o Carnaval.
Lula quer alguém que melhore a relação. Embora aliados defendam que Padilha foi muitas vezes desautorizado pelo próprio Planalto, o governo busca alguém que consiga alinhar as demandas do Congresso em troca de um período mais tranquilo, visando a eleição de 2026.
A maior chance é que a pasta siga no PT. Com a popularidade do governo em baixa, muitas lideranças do centrão não mostram entusiasmo em “casar” com Lula —pelo menos por ora—, mas ainda há opções.
Veja a seguir os nomes que despontam para substituir Padilha neste primeiro momento:
José Guimarães (PT)
- O que conta a favor: Líder do governo na Câmara, tem a confiança de Lula e boa interlocução com centrão e oposição, incluindo o atual presidente da Casa, onde a gestão enfrenta mais resistência, Hugo Motta (Republicanos-PB).
- O que pesa contra: Muito próximo do ex-presidente da Câmara, era chamado de “homem do Arthur Lira” nos bastidores do Planalto, o que traz certa resistência a seu nome à esquerda. Apesar de fiel, também é considerado mais um nome que não diria todas as verdades a Lula, como acusam Padilha.
Jaques Wagner (PT)
- O que conta a favor: Líder do governo no Senado, é amigo pessoal de Lula e considerada uma das poucas pessoas que “mandam a real” ao presidente. Também tem um bom trânsito entre centrão e oposição e é considerado um dos políticos mais experientes do Congresso hoje.
- O que pesa contra: O senador tem resistido à proposta desde a vitória nas eleições e, hoje, tanto ele quanto aliados argumentam que o principal problema do governo é na Câmara, não no Senado. E que ele ajuda mais no Senado do que no Planalto.
Isnaldo Bulhões (MDB)
- O que conta a favor: Líder do MDB na Câmara, o deputado é próximo ao governo e apadrinhado pela família Calheiros, que já tem Renan Filho nos Transportes. É visto como uma opção de base que “despetizaria” o Planalto, reclamação frequente dos parlamentares.
- O que pesa contra: Por não ser do PT, enfrenta resistência à esquerda e, embora seja apoiador, não é tão próximo de Lula, o que dificulta o trânsito intenso no palácio que a pasta requer. Ele também é cotado para a liderança do governo.
Gleisi Hoffmann (PT)
- O que conta a favor: A presidente petista um dos nomes de confiança de Lula, a quem ele respeita e se sente grato por toda a defesa desde os tempos da Operação Lava Jato, quando assumiu o partido. Ela tem acesso ao presidente e proximidade com grande parte dos ministros.
- O que pesa contra: É o nome mais rejeitado pelo centrão e até pela base-não petista. Exatamente por sua defesa inegociável de Lula e do partido, ela não é vista como uma opção “aglutinadora”, algo que auxiliares dizem que o governo precisa e quer. Seu nome é mais cotado para a Secretaria-Geral da Presidência, outra vaga palaciana, no lugar de Márcio Macêdo.