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segunda-feira 24 de fevereiro de 2025 às 06:31h

Novo partido de esquerda “antiwoke” fracassa na eleição alemã

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Criado em 2024 pela deputada Sahra Wagenknecht para atrair tanto eleitores de esquerda quanto de ultradireita, BSW ficou pouco abaixo da cláusula de barreira e não poderá formar bancada no Parlamento. Após horas de suspense, a contagem de votos nas eleições na Alemanha indicou que a Aliança Sahra Wagenknecht (BSW, na sigla em alemão), uma legenda populista de esquerda formada em 2024, não conseguiu superar a cláusula de barreira de 5% para entrar no Parlamento alemão (Bundestag).

A derrota foi por pouco: o partido conquistou 4,972% dos votos de legenda, ficando abaixo da cláusula de barreira por meros 13 mil votos de legenda. A BSW também não elegeu nenhum deputado por voto direto – pelo menos três teriam sido suficientes para contornar a cláusula de 5%.

Assim, a legenda, que leva o nome da sua fundadora, não deverá contar com uma bancada de deputados na próxima legislatura do Bundestag.

O desempenho da BSW neste domingo era observado com particular atenção pelo bloco conservador formado pela União Democrata-Cristã (CDU) e o braço bávaro da legenda, a União Social Cristã (CSU), que combinadas, terminaram em primeiro lugar na disputa nacional, com pouco mais de 28% dos votos totais.

Isso porque uma eventual entrada da BSW poderia ter ajudado a pulverizar ainda mais a formação da próxima legislatura, tirando espaço de outros partidos que já haviam superado a barreira dos 5%.

Caso a BSW tivesse superado a cláusula, cálculos apontavam que o bloco CDU/CSU, liderado por Friedrich Merz, poderia se deparar com um cenário mais complicado para buscar uma aliança com seus rivais do Partido Social-Democrata (SPD), que terminaram em terceiro na disputa, e assim assegurar mais da metade das 630 cadeiras do Bundestag.

No entanto, o fracasso da BSW deve agora ser encarado como alívio entre o bloco CDU/CSU.

Trajetória da BSW

Essa foi a primeira eleição federal alemã que contou com a participação da BSW, formada no ano passado a partir de uma dissidência da legenda A Esquerda (Die Linke).

Anteriormente, o novo partido, já havia obtido resultados significativos nas eleições europeias de 2024 e um trio de eleições estaduais no leste alemão no mesmo ano.

Antes de lançar a BSW, Wagenknecht era uma figura proeminente da legenda A Esquerda, formada em 2007 em parte por remanescentes do antigo partido comunista da Alemanha Oriental e uma ala mais à esquerda que se separou do Partido Social-Democrata (SPD).

Nascida na antiga Alemanha Oriental, de uma mãe alemã e um pai iraniano, Wagenknecht, de 55 anos, havia sido justamente uma das fundadoras do partido A Esquerda, ao lado do seu atual marido, o ex-ministro Oskar Lafontaine, outro político conhecido por posições heterodoxas e pela dissidência partidária, e que rompeu com o SPD.

No entanto, Wagenknecht vivia às turras com seus antigos correligionários por causa da sua oposição à imigração ilegal e ao “identitarismo”. Ao deixar a legenda em 2024, Wagenknecht levou outros nove deputados consigo, abrindo uma crise existencial no seu velho partido.

Ao estrear em 2024 nas eleições europeias e três pleitos estaduais na Alemanha, a BSW se apresentou para o eleitorado com uma agenda heterodoxa: esquerdista em assuntos econômicos, porém mais próxima da ultradireita em questões como imigração e diversidade, além de defender uma reaproximação com a Rússia.

Wagenknecht deixou claro desejo de tentar atrair eleitores da classe trabalhadora que debandaram para o partido de ultradireita Alternativa para a Alemanha (AfD) nos últimos anos. Em discursos, Wagenknecht fez tanto críticas ao que chamou de “esquerdistas de estilo de vida” quanto ao desmonte do estado de bem-estar social.

Inicialmente, o partido obteve sucessos significativos: 6,1% nas eleições europeias e formou bancadas estaduais na Saxônia, Turíngia e Brandemburgo – passando a integrar coalizões de governo nos dois últimos como parceiro menor.

Analistas chegaram a apontar que a nova legenda poderia acabar tomando quase todo o espaço do partido A Esquerda e pesquisas no final do ano passado sugeriram isso, apontando que a BSW poderia conquistar até 8% do eleitorado, e empurrar seus antigos colegas para baixo da cláusula de barreira de 5%.

No entanto, conforme a campanha avançou, a BSW foi perdendo fôlego, especialmente após A Esquerda reagir graças a vídeos virais e sua oposição aberta contra a AfD.

Wagenknecht reagiu ao declínio das intenções de voto para seu partido acusando a imprensa de boicotar sua campanha – embora levantamentos apontem que ela foi uma das políticas que mais apareceu em canais públicos em 2024.

Para piorar o quadro para a BSW, o partido acabou sendo superado na eleição federal pelos seus antigos colegas do partido A Esquerda nesta eleição, que conseguiram superar confortavelmente a cláusula de barreira de 5% ao conquistarem 8,8% dos votos de legenda.

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