Sem alarde, o ex-todo-poderoso ministro José Dirceu foi chamado recentemente conforme Laryssa Borges, da Veja, para aconselhar o governo Lula e colocar ordem na casa. Com o terceiro ano do mandato presidencial em baixa, Dirceu deu sugestões sobre como tirar o Executivo das cordas mas defendeu também que o próprio PT mude de ares.
O raciocínio embute um quebra-cabeças, e Dirceu de certa forma está enxergando mais longe. Pesquisa Datafolha divulgada no último dia 14 registrou um monumental tombo na aprovação do presidente, que passou de 35% para 24%, o pior índice de todos os mandatos de Lula e que lança dúvidas sobre a reeleição em 2026. Ao mesmo tempo, levantamento feito pelo Paraná Pesquisas apontou que, se a disputa fosse hoje, Bolsonaro venceria Lula.
Para o ex-ministro petista, é o momento de oxigenar o PT com quadros jovens capazes de, no médio prazo, se transformarem em lideranças competitivas para disputar uma eleição presidencial. Na avaliação de Dirceu, como os fundadores da legenda são quase octagenários e não existe um sucessor natural do presidente – no partido é consenso que Lula nunca deixou crescer grama a seu lado – captar quadros de uma nova geração agora permitiria ao partido apresenta-los como competitivos a partir da eleição de 2030, por exemplo.
No espectro da direita, nomes como o deputado de primeiro mandato Nikolas Ferreira, de apenas 28 anos, são publicamente favoráveis à redução dos atuais 35 anos como idade mínima para um político assumir a Presidência da República.
Pelos planos de Dirceu, o PT, que comemora neste fim de semana 45 anos, precisa diminuir a influência de antigos caciques do partido e, se for o caso, até sofrer uma intervenção branca de Lula para que os quadros internos não promovam uma guerra campal em busca de protagonismo e comecem a prospectar novas lideranças. O ex-prefeito de Araraquara, Edinho Silva, é o nome de predileção do presidente para suceder Gleisi Hoffmann nas eleições partidárias marcadas para 6 de junho.