O empresário e político conservador Friedrich Merz deve se tornar o próximo chanceler da Alemanha depois de estimativas indicarem que seu partido conquistou 29% dos votos neste domingo (23), a maioria entre os seis concorrentes.
Ele fez a campanha prometendo manter uma voz forte e lutar para que o país europeu recupere seu protagonismo no cenário geopolítico internacional.
Aos 69 anos, o líder da União Democrata Cristã (CDU) construiu sua carreira em parte na política e em parte no setor privado, como advogado e lobista. Ele está se dedicando exclusivamente à política, porém, desde 2018.
Desde sua volta aos holofotes, Merz foi um dos nomes mais fortes a se opor aos herdeiros de Angela Merkel e do Partido Social-Democrata (SPD), cujo líder atual, Olaf Scholz, concorria à eleição.
Quem é Friedrich Merz
Nascido em Sauerlândia, cidade do interior alemão próxima a Dortmund, Merz iniciou a carreira política no Parlamento Europeu, em 1989, e depois no Parlamento Alemão, em 1994.
Apesar de pertencer ao mesmo partido de Merkel, o político se posicionou mais à direita da ex-chanceler, funcionando como um contraponto a ela no próprio partido, defendendo pautas mais conservadoras como controle migratório e segurança.
Direita, mas anti-ultradireita
Após ser preterido por Merkel na liderança do partido, Merz deixou a política e enriqueceu no setor privado. Seu retorno, em 2018, foi marcado pela promessa de frear a ascensão do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que ficou em segundo lugar no pleito deste domingo (23/2) com 19% dos votos.
Merz aproximou a CDU de posições mais conservadoras que servissem de contraponto para os eleitores de direita. Em 2022, após duas tentativas frustradas, conquistou a liderança partidária.
Sua experiência empresarial é vista como um trunfo para revitalizar a economia alemã, que enfrenta estagnação e desafios estruturais.
Política externa de mão forte
Como chanceler, Merz promete seguir um papel mais ativo da Alemanha na União Europeia e na OTAN. Defensor de uma política externa assertiva, ele propõe maior envolvimento em questões globais.
Entre suas posições, ele promete adotar postura mais dura contra a China, que classifica como parte do “eixo das autocracias”, em que lista também a Rússia, outrora grande parceira comercial da Alemanha.
Apesar de alinhado com os Estados Unidos, Merz reagiu fortemente a comentários de Donald Trump que apoiavam a Rússia em detrimento da Ucrânia. O político alemão defende apoio direto à Ucrânia, incluindo o fornecimento de mísseis Taurus, e compromete-se a superar a meta da OTAN de gastar 2% do PIB em defesa.
Em campanha, porém, Merz conquistou confiança ao prometer que jamais cooperaria com a AfD. Porém, opositores dizem não entenderem como ele a cumprirá, já que precisa de maioria no parlamento e os ultradireitistas terminaram em segundo lugar no pleito.