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quarta-feira 19 de fevereiro de 2025 às 06:40h

Mudanças no PT miram controle das finanças da sigla

NOTÍCIAS, POLÍTICA


As mudanças aprovadas no estatuto do PT para liberar a reeleição sem limites de dirigentes petistas geraram uma crise dentro da legenda e expuseram a disputa pelo controle das finanças e de cargos de comando do partido.

As alterações devem fazer com que o grupo ligado à atual presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), mantenha influência sobre a máquina partidária, mesmo depois da saída da parlamentar do comando nacional da sigla. O PT fará eleição interna para trocar a direção em 6 de julho e Gleisi não tentará a reeleição. A petista espera segundo Cristiane Agostine, do Valor, assumir a Secretaria-Geral da Presidência, em reforma ministerial a ser anunciada pelo presidente Lula da Silva (PT).

Lideranças de diferentes tendências do PT, no entanto, criticam as mudanças por dificultarem a renovação em cargos estratégicos e impedirem a “oxigenação” do partido. Reclamaram ainda da forma como as alterações foram feitas, em uma reunião do diretório nacional, na segunda-feira (17), que foi marcada por discussões e até bate-boca. Esse tipo de mudança, afirmam, deveria ser feita no Congresso do PT, instância máxima do partido.

Os aliados de Gleisi conseguiram derrubar, por meio de votação, a regra que limitava a reeleição de dirigentes dentro do partido e de parlamentares no Legislativo. Com isso, petistas que ocupam cargos estratégicos na direção poderão continuar em suas funções mesmo depois da eleição interna do PT, se conseguirem apoio no partido.

O grupo de Gleisi articula-se para continuar com a tesouraria, atualmente comandada por Gleide Andrade. O caixa petista deve receber neste ano R$ 140,5 milhões do Fundo Partidário. Em 2024, só do Fundo Eleitoral o partido recebeu R$ 619,8 milhões (12,5% do total). Aliados da atual presidente miram ainda em outros cargos de comando da legenda, como a comunicação, que está com o deputado Jilmar Tatto (SP).

Os petistas próximos à atual presidente temem perder espaço e influência nas decisões partidárias caso seja eleito o ex-prefeito Edinho Silva, apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para suceder Gleisi no comando do PT.

Nos bastidores, dirigentes do PT avaliam que como os aliados de Gleisi não têm um candidato forte para concorrer contra Edinho, conseguiram aprovar regras que na prática podem limitar a atuação do próximo presidente da sigla, até mesmo nas finanças.

A decisão de permitir reeleições ilimitadas dos parlamentares já era uma decisão pacificada e consolidada dentro do PT, afirmaram petistas, mas foi “usada” para que os aliados de Gleisi pressionassem também pela reeleição ilimitada dos dirigentes.

“Isso não tinha consenso”, disse o deputado Reginaldo Lopes (PT-MG). “Foi nitidamente para que os dirigentes possam permanecer ‘ad eternum’ na burocracia partidária. Isso é muito ruim. É preciso oxigenar. O partido está vivendo uma crise, está desconectado da sociedade e a renovação poderia ajudar. Mas com essas mudanças a sinalização é de que a turma que está lá vai continuar no comando, inclusive do dinheiro”, disse Lopes.

O parlamentar fará nesta quarta-feira (19), em Brasília, um jantar com parte da bancada federal do PT e Edinho Silva para buscar apoio à eleição do ex-prefeito.

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