A Marinha do Brasil e a Petrobras avançaram na terça-feira (11) no Projeto Rede de Modelagem e Observação Oceanográfica (REMO) que visa aumentar a segurança e a precisão no monitoramento meteoceanográfico, em tempo real, da Amazônia Azul – área de 5,7 milhões de quilômetros quadrados sobre a qual o País exerce soberania.
Lançada em 2006, a iniciativa utilizará veículos autônomos destinados à coleta de dados de correntes marítimas, temperatura da água, condições meteorológicas, entre outros. Para isso, serão utilizadas boias autônomas, projetadas com placas fotovoltaicas e sensores via satélite. Os dados obtidos serão compartilhados com universidades parceiras e com o público em geral, por meio do Banco Nacional de Dados Oceanográficos, mantido pela Marinha do Brasil, possibilitando o desenvolvimento de novas pesquisas.
Além do lançamento das boias, o projeto utilizará veículos autônomos submarinos do tipo “Glider” e de superfície do tipo “Sailbuoy”, possibilitando o acompanhamento de dados em águas de vasta extensão e com até mil metros de profundidade.
Uma das novidades do projeto é o incremento de veículos autônomos não tripulados. Enquanto as boias ficam restritas a determinadas localidades, os veículos permitem coletas em maior extensão, por conta de sua navegabilidade. Por meio da operação remota, o Sailbuoy capta estatísticas contínuas sobre o mar, sendo mantido por baterias conectadas a módulos fotovoltaicos. Deslizando pela costa brasileira com um formato de “mini-veleiro”, o veículo tem a capacidade de operar em condições de mau tempo.
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“O projeto fortalece a capacidade de resposta a acidentes ambientais, possibilitando a rápida mitigação de incidentes como derramamentos de óleo. No âmbito militar, a disponibilidade de dados confiáveis contribui diretamente para o planejamento e a execução de Operações Navais, assegurando que as missões sejam realizadas com maior precisão e eficiência”, explicou o Diretor de Hidrografia e Navegação (DHN), Vice-Almirante Marco Antônio Linhares Soares.
O lançamento e o recolhimento desses equipamentos ficarão por conta do 2°, 3°, 4°, 5° e 8° Distritos Navais e do Grupamento de Navios Hidroceanográficos. Os dados meteorológicos e oceanográficos a serem coletados desempenharão um papel relevante na tomada de decisões estratégicas, visando ao conhecimento mais amplo do Atlântico Sul.
Com investimento de R$100 milhões para os cinco anos de projeto, a iniciativa se dá por meio de Convênios de Educação, Ciência e Tecnologia e Inovação. Esses avanços na pesquisa acadêmica projetam o Brasil como um país que busca a soberania marítima e a independência técnico-científica.
No campo econômico, o emprego dessas ferramentas ainda reduz os custos do monitoramento do litoral. A operação com esses veículos robóticos custa cerca de 10% do que se gastaria com a mesma atividade em uma embarcação. No viés operacional, este tipo de monitoramento aumenta a precisão dos dados e reduz as incertezas de estatísticas coletadas por outros métodos, projetando cartas náuticas mais seguras.
“A cooperação beneficia não só a Petrobras, mas também todo o País. Temos um enorme litoral que precisa ser monitorado e também compartilhamos dados com a academia, o que contribui para ampliar o conhecimento sobre nossa costa e para o desenvolvimento de tecnologia nacional”, avalia a Diretora de Engenharia e Tecnologia da Petrobras, Renata Baruzzi.
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Como parte das iniciativas da “Década do Oceano”, o “REMO” também é uma oportunidade para ampliar o desenvolvimento sustentável na Economia do Mar. O projeto está conectado ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 14 da Organização das Nações Unidas para prover a saúde do oceano e o bem-estar das comunidades que dele dependem.
“O monitoramento em tempo real garante maior Segurança da Navegação e das Operações Navais, com previsões ambientais mais precisas e um melhor entendimento das condições oceanográficas e meteorológicas, essenciais para a salvaguarda da vida humana no mar e para facilitar ações de busca e salvamento em situações de emergência”, enfatizou o Diretor do Centro de Hidrografia da Marinha, Capitão de Mar e Guerra Daniel Peixoto de Carvalho.
Centro de Hidrografia da Marinha
Responsável pelo Serviço Meteorológico Marinho, o Centro de Hidrografia da Marinha (CHM) acompanha de perto as informações de Segurança Marítima, emitindo alertas de mau tempo e avisos meteorológicos para quem navega ou realiza atividades que dependam do mar. Os dados que serão coletados pelo “REMO” incrementarão os subsídios para a produção de cartas náuticas mais seguras, além das atualizações constantes do Banco Nacional de Dados Oceanográficos (BNDO).
Para o fortalecimento da mentalidade marítima, o CHM ainda fornece o aplicativo “Previsão Ambiental Marinha” (PAM), que pode ser acessado pelo navegador de internet e nas lojas de aplicativos para sistemas iOS e Android para consultar dados relevantes sobre correntes, ventos e ondas em toda costa brasileira, auxiliando comunidades que dependem do mar, pescadores e praticantes de atividades esportivas marítimas.