Sob risco de ser reduzido a um partido nanico a partir de 2026, o PSDB estipulou o mês de março como data limite para decidir sobre qual será sua estratégia de sobrevivência. Na mesa estão as negociações para fusão ou incorporação por outras siglas. As conversas mais avançadas são com PSD e MDB, mas interesses regionais de seus caciques têm travado uma definição.
O presidente do PSDB, Marconi Perillo, e os três governadores da sigla — Eduardo Leite (RS), Eduardo Riedel (MS) e Raquel Lyra (PE) — têm demonstrado mais simpatia por um acordo com o PSD, de Gilberto Kassab. A aliados, o dirigente partidário argumenta que o partido, apesar de atualmente fazer parte do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, já indicou que não deve se aliar ao petista em 2026, o que agrada aos tucanos, hoje na oposição.
Após rivalizar com o PT por décadas, o PSDB registrou resultados pífios nas últimas eleições e conta hoje com uma bancada de 13 deputados e 3 senadores. O prognóstico traçado por seus dirigentes é que a sigla poderá não atingir a cláusula de barreira na próxima eleição. O dispositivo prevê um número mínimo de eleitos para que o partido continue a receber recursos e tenha tempo de propaganda na TV e no rádio.
— Ninguém deseja o fim do partido. Deseja a fusão desde que sejam mantidos nossos princípios, valores, fundamentos e programa — disse Perillo.
Questão regional
A preferência de Perillo pelo partido de Kassab também leva em conta o fato de o outro pretendente, o MDB, ser aliado do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), adversário político do tucano.
O deputado Aécio Neves (MG), que integra a executiva do partido, por sua vez, vê com ressalvas a negociação com o PSD, uma vez que a possibilidade mais avançada é de o partido de Kassab absorver o PSDB. Neste caso, o MDB estaria à frente por não ter fechado as portas para uma fusão — em que as duas legendas se juntam e criam uma nova sigla, com novo nome e marca.
— Falar em extinção do PSDB ou sua incorporação por outra força política é uma balela e no que depender de mim não vai ocorrer. Ao mesmo tempo, a construção de musculatura para um projeto de centro é responsabilidade de todos — disse Aécio.
O deputado tem preferido ampliar a federação que o PSDB tem hoje com o Cidadania, o que poderia incluir o Podemos, ou negociar uma fusão em que o PSDB preservasse ao menos parte da autonomia do partido, com a preservação do programa partidário da legenda.
Mas também pesa na preferência de Aécio o fato de o PSD de Minas ser adversário dos tucanos no estado. Lula pretende lançar o ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD) como seu candidato a governador, enquanto o deputado faz oposição ao petista.
As conversas, porém, ainda estão em andamento e os dirigentes partidários têm sondado até mesmo outras siglas. Na semana passada, por exemplo, Perillo se reuniu com o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, e do Podemos, Renata Abreu.
Novas conversas
As negociações devem continuar na próxima semana, quando o presidente do MDB, Baleia Rossi, terá novas conversas com Perillo, Aécio e os governadores do PSDB. Segundo o emedebista, há interesse da sigla em se chegar a uma aliança, mas ainda sem definição se será por meio de uma fusão ou incorporação.
— Ainda não chegamos a esses detalhes. Por enquanto estamos ainda falando que temos disposição para essa união — disse Baleia.