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quinta-feira 6 de fevereiro de 2025 às 15:06h

Após pressões de Trump, Panamá anuncia saída da ‘Nova Rota da Seda’ chinesa

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O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, anunciou nesta quinta-feira (6) a saída do país latino-americano da “Nova Rota da Seda”, cancelando sua participação no megaprojeto econômico da China que estabelece investimentos e rotas comerciais ao redor do globo. A decisão foi anunciada após sucessivas pressões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para reduzir a influência chinesa no Canal do Panamá, uma importante rota comercial marítima.

Mulino comunicou que a embaixada do Panamá em Pequim apresentou o documento requirido para “anunciar o cancelamento com 90 dias de antecedência”, como estabelece o acordo, que expiraria em dois a três anos. O anúncio veio uma semana depois do mandatário se reunir com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, na Cidade do Panamá.

Ele negou, porém, que isso se trate de uma exigência de Washington. “Essa é uma decisão que tomei”, declarou Mulino.

Também conhecida como “Cinturão e Rota”, a iniciativa chinesa é um programa do governo para financiar obras e investimentos em países de todo o mundo, inclusive na América Latina. Com orçamento na casa dos trilhões de dólares, o programa foi inaugurado em 2013, mas vem se fortalecendo nos últimos anos.

Mais cedo nesta quinta-feira, o governo panamenho e a Autoridade do Canal do Panamá (ACP) desmentiu uma declaração do Departamento de Estado americano que afirmava que embarcações dos Estados Unidos teriam “passe livre” pela hidrovia.

Mulino chamou a afirmação da administração Trump de “intolerável” e uma “falsidade absoluta”, além de pedir que seu embaixador em Washington tome “atitudes firmes” para lidar com a situação.

Ameaças de Trump

Desde sua vitória nas eleições em novembro do ano passado, Trump tem afirmado repetidamente que o Panamá violou acordos de tratados que exigem neutralidade nas operações do canal, além de lançar ameaças de que os Estados Unidos tomariam controle da hidrovia. Ele criticou as taxas “ridículas” cobradas pelo país e disse que o empreendimento não deve cair em “mãos erradas.”

“Navios americanos estão sendo severamente sobrecarregados e não estão sendo tratados de forma justa, e isso inclui a Marinha dos Estados Unidos”, afirmou Trump em seu discurso de posse, em 20 de janeiro. “E acima de tudo, a China está operando no Canal do Panamá, e nós não o demos à China. Nós o demos ao Panamá. E vamos tomá-lo de volta.”

A construção do canal foi finalizada pelos americanos em 1914, com o objetivo de facilitar o traslado de cargas entre os oceanos Atlântico e Pacífico. Há 25 anos o controle do atalho foi completamente cedido ao Panamá, mas, entre os acordos envolvidos no pacto de cessão, o ex-presidente Jimmy Carter garantiu aos Estados Unidos o direito de defender a neutralidade do local.

Hoje, os americanos são os principais usuários do atalho, responsáveis por cerca de três quartos de toda a carga transportada. Eles são seguidos pela China, o segundo maior cliente, o que gera preocupação do presidente eleito. Hoje, porém, o canal não é controlado pelos chineses, mas uma empresa com sede em Hong Kong é responsável por dois dos cinco portões do atalho, um na entrada do Caribe e outro na entrada do Pacífico.

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