segunda-feira 3 de fevereiro de 2025
Líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues — Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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segunda-feira 3 de fevereiro de 2025 às 10:17h

Aprovação popular definirá apoio de partidos a Lula em 2026, diz líder do governo no Congresso

ELEIÇÕES 2026, NOTÍCIAS


No momento em que o presidente Lula da Silva (PT) passa por uma série de desgastes com a população, da “crise do Pix” ao incômodo com os preços dos alimentos, aliados começam a fazer alertas. Para o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP), só o aumento da popularidade – agora em queda – garantirá o apoio ou, pelo menos, a neutralidade dos partidos de centro-direita em 2026. A reforma ministerial pode até melhorar a governabilidade neste ano, na visão dele, mas o fator principal para formar o arco de alianças pela reeleição será a aprovação popular.

“É lógico que vamos nos esforçar para que a mesma coalizão que governa seja a coalizão que apresenta a candidatura. Mas essa conta, para ser fechada, depende muito também de que nível o governo vai chegar até 2026″, afirmou Randolfe, em entrevista à Coluna do Estadão. E o candidato, segundo o líder, tem de ser Lula. “Eventual sucessão? A gente pensa para 2030. Agora, não há plano B”, sentenciou, embora o próprio presidente da República coloque em dúvida sua entrada na disputa por conta de sua saúde.

A mudança de ares no Congresso, com a chegada de Hugo Motta (Republicanos-PB) ao comando da Câmara e de Davi Alcolumbre (União-AP) ao do Senado, vai inaugurar a melhor fase da relação entre Palácio do Planalto e Legislativo, nos cálculos de Randolfe. Como mostrou a Coluna do Estadão, aliados de Lula têm alertado que o senador pode dar trabalho, mas o líder do governo, que é do mesmo Estado que Alcolumbre, minimiza a apreensão: “O Davi está no nascedouro da ascensão deste governo.”

Randolfe também disparou contra o presidente do PSD, Gilberto Kassab, que chamou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de “fraco” e disse que Lula perderia a eleição se o pleito ocorresse hoje. “Quem fala isso quer criar desconfiança e intriga para o governo, para o mercado, para os agentes”, criticou o líder governista.

Confira os principais trechos da entrevista:

Qual é a expectativa para o novo comando do Congresso?

Eu acho que vamos entrar na melhor fase da relação com o Congresso. Assumem a presidência das duas Casas dois presidentes que fizeram parte da construção política deste governo até aqui. Por várias vezes, me socorri do deputado Hugo para mantermos vetos do governo, para aprovarmos matéria no Congresso e, de todos os líderes da base do governo, ele sempre foi o mais atencioso conosco.

E o Alcolumbre?

O senador Davi está presente neste governo desde a transição. A participação do União Brasil no governo foi chancelada e articulada por ele. Se o senador Davi não estivesse aqui no Congresso, haveria dificuldades para aprovar a PEC da transição. Ele está no nascedouro da ascensão deste governo.

Os governistas, em geral, temem uma relação mais difícil de Lula com o Senado.

Eu não tenho receio nenhum sobre o compromisso do Davi com a agenda de reconstrução que a gente está tocando. É claro, não é a mesma dinâmica do Rodrigo (Pacheco, que deixa o comando do Senado). Cada um toca o instrumento que convém na orquestra. O Rodrigo cumpriu um papel importante, sobretudo pro Brasil, no período em que foi presidente, de defesa e preservação da democracia. Mas, em nenhum momento que o governo do presidente Lula precisou do Davi, ele deixou de socorrer.

Houve nos últimos dois anos um grande impasse entre Câmara e Senado sobre o rito de tramitação das Medidas Provisórias. E isso travou em alguns momentos a agenda do governo. Uma solução está no radar?

O senador Davi e o deputado Hugo têm uma relação muito próxima que cria condições de entendimento. Eu acho até que é legítimo a reivindicação da Câmara para discutir o rito. Só que agora renovam os presidentes, reabre o debate e, sobretudo, tem a Constituição. O Davi está determinado a resolver isso também. Não é bom para o governo, não é bom para o próprio Congresso. Com as comissões mistas funcionando, os líderes vão ter um poder maior, inclusive os da Câmara.

O que achou da crítica do Kassab ao Haddad?

O ministro mais forte deste governo é o ministro Haddad, ao contrário do que alguns falam por aí. O ministro mais prestigiado desse governo é o ministro Haddad. Não se tenha dúvida disso. Quem fala isso (que Kassab falou) quer criar desconfiança e intriga para o governo, para o mercado, para os agentes. E quem fala isso não conhece nada do governo do presidente Lula.

Quais serão as prioridades do governo no Congresso em 2025?

De imediato, vamos retomar o debate sobre o Orçamento e depois fazer a sessão do Congresso, em que para nós é fundamental a manutenção dos vetos relativos à reforma tributária, à LDO e à dívida dos Estados.

Vai ser necessário um novo pacote de corte de gastos neste ano?

Acho que tem que primeiro sentir o impacto do que fizemos no ano passado, que não vai ser um impacto qualquer. O que eu penso que é central é dar tranquilidade para a redução da taxa de juros, que não se faz por decreto, não se faz automaticamente. Se faz como está sendo feito, o dólar voltando ao leito normal do rio e com as medidas de controle da inflação que serão tomadas.

A anistia aos condenados pelo 8/1, defendida por bolsonaristas, pode avançar?

Veja a diferença. A nossa prioridade é uma agenda para o Brasil continuar o crescimento sustentável e duradouro que está tendo. A agenda da oposição é a anistia para crimes que cometeu. Eu não vejo ambiente para isso. A gravidade fica cada vez mais patente nas provas, na materialidade dos crimes que foram cometidos.

O que o governo pode fazer para frear a queda na popularidade?

Vou reiterar algo que é batido. Pesquisa é fotografia do momento. Essa pesquisa retratou um equívoco, que foi a condução da situação sobre o Pix. Fotografou o momento de raiva, de reação de parte do eleitorado sobre uma medida que pegou o próprio governo de surpresa. Quando as variações do câmbio que pressionavam a inflação forem retornando para o leito, creio que voltaremos para os patamares anteriores (de popularidade). A comunicação do governo tem que ter a sensibilidade (de saber) que eles estão trabalhando com o maior comunicador da história brasileira nos últimos anos, que é o próprio presidente da República. Quanto mais esse comunicador falar com o povo brasileiro, melhor.

Lula tem que falar mais, então?

Lula é nosso líder e nosso principal comunicador. À medida que ele fala, ele também conversa diretamente com o sentimento das pessoas.

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O aumento dos combustíveis, que entrou agora no radar, não pode afetar ainda mais a avaliação do governo?

O primeiro impacto do aumento do combustível, tanto da gasolina quanto do diesel, não é devido a qualquer medida da Petrobras ou do governo. É a medida dos governos estaduais, que estão aumentando o ICMS porque querem aumentar a sua arrecadação. E não são todos os governos estaduais. Essa reflexão fica sobretudo para Minas, São Paulo e Rio de Janeiro. O governo do meu Estado (Amapá), ao contrário, reduziu o ICMS. Isso, no geral, vai se acomodar. Não tem receita mágica, não tem tabelamento de preços, não tem intervenção na economia para combater a inflação. Combate-se a inflação com medidas fiscais, com a redução do câmbio.

O impasse sobre as emendas no STF pode travar a agenda do governo no Congresso?

Eu já ouvi dos novos presidentes e eu acho que o próprio ministro Flávio Dino (relator dos processos na Corte) não quer um impasse permanente sobre isso, quer a resolução.

A reforma ministerial vai garantir o apoio dos partidos a Lula ou pelo menos a neutralidade em 2026?

Um cálculo é a governabilidade, outro cálculo é a eleição. Temos consciência disso. É lógico que vamos nos esforçar para que a mesma coalizão que governa seja a coalizão que apresenta a candidatura. Mas essa conta, para ser fechada, depende muito também de que nível o governo vai chegar até 2026. Tem um fator, a aprovação popular e a inevitabilidade de uma reeleição, que é mais atrativo para termos mais partidos.

Lula tem dito que pode não concorrer à reeleição. Qual é a alternativa?

Nunca cogitamos outro plano senão o Lula presidente novamente. O campo democrático, que não é o campo da esquerda, sem o Lula, não chega na esquina. Eventual sucessão de Lula? A gente pensa para 2030. Agora, não há plano B.

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