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O ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (Republicanos-SP) trabalha para concorrer novamente a uma vaga na Casa que presidiu entre 2015 e 2016, quando teve o mandato cassado em decorrência de escândalos ligados à Operação Lava-Jato. Cunha, que já tentou se eleger por São Paulo em 2022 e acabou derrotado nas urnas, agora trabalha para sair candidato por Minas Gerais.
A decisão de concorrer pelo estado vizinho em 2022 foi fruto segundo o blog da Malu Gaspar, da avaliação de que a família não tinha capital político para eleger dois deputados pelo mesmo estado. Assim, Cunha, que foi deputado pelo Rio por 13 anos, optou por deixar o eleitorado fluminense para a filha, Dani Cunha, que se elegeu deputada pelo União Brasil. Dani foi eleita com 75 mil votos, mas o pai, que disputou pelo antigo PTB, amargou apenas 5 mil em São Paulo.
Para não ter o mesmo destino em Minas, três fontes a par do assunto afirmaram à equipe do blog que Cunha vem adquirindo emissoras de rádios evangélicas no interior do estado. O método ele já conhece. Sua carreira política no Rio foi impulsionada por participações na Rádio Melodia, frequência voltada para o segmento religioso com grande apelo popular no Rio nas décadas passadas.
Apesar de ter domicílio eleitoral em São Paulo, Cunha é presidente municipal do Republicanos na capital fluminense. Embora seja filiada ao União Brasil, Dani é parte do grupo de deputados que rompeu com a direção do partido em 2023 e se aproximou da legenda através do pai.
Em 2024, o grupo indicou integrantes para cargos na gestão do prefeito Eduardo Paes (PSD), mas os dois protagonizaram um rompimento ruidoso e Cunha abraçou a campanha de Alexandre Ramagem (PL), derrotado já no primeiro turno.
Procurado pela equipe do blog, o ex-presidente da Câmara afirmou que ainda não tomou a decisão final sobre concorrer por Minas, mas não negou o plano.
“Só vou decidir isso no segundo semestre”, disse Cunha. “Mas logo passarei o bastão [do diretório municipal do Republicanos] no Rio para a minha filha, assim que ele tiver a autorização do TSE para se filiar ao partido. Ela deve assumir no meu lugar o comando da capital. Não tem sentido eu estar no comando de um local que não é o meu domicílio eleitoral”.
O ex-deputado também não negou que tenha buscado emissoras de rádio evangélicas recentemente, mas afirmou não ter negociado nada em Minas Gerais.
“A única coisa que lhe garanto é que eu mesmo não participei ainda diretamente de nada em Minas, mas estou estudando negócios em todo o Brasil”.
Cenário local em MG
Segundo três fontes mineiras ouvidas pelo blog sob reserva, a movimentação de Cunha já tem provocado burburinho nos bastidores locais, principalmente pela proximidade entre Eduardo Cunha e o atual secretário da Casa Civil do governador Romeu Zema (Novo), Marcelo Aro (PP).
Hoje um influente ator político no estado e na capital Belo Horizonte, Aro foi integrante da tropa de choque do então presidente da Câmara e o defendeu até o fim no processo de cassação na Câmara. Muitos interlocutores comparam a relação da dupla como uma de “pai e filho”.
Questionado pela equipe do blog, Aro se disse surpreso com a informação de que Cunha disputaria a Câmara por Minas Gerais e declarou não conversar com o antigo aliado “há muitos anos”. O ex-dirigente da Câmara, por sua vez, não respondeu se mantém diálogo com o político mineiro.
Cunha diz que “por enquanto” permanece no Republicanos.
No cenário local, o partido tende a lançar o senador Cleitinho para o comando do estado e o deputado federal Euclydes Pettersen, aliado próximo de Cleitinho, para concorrer a uma das vagas do Senado. O atual governador, Romeu Zema, não pode disputar um terceiro mandato e cogita disputar o Palácio do Planalto. Nesse cenário, o vice, Mateus Simões, assumiria o governo e disputaria sua sucessão, embora uma filiação ao PSD não esteja descartada.
