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Este hábito conta com um elemento vital — Foto: Unsplash
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quarta-feira 22 de janeiro de 2025 às 09:05h

O hábito simples que ajuda a prevenir a perda de memória

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Dores de cabeça repentinas, perda momentânea de memória, falta de atenção ou retenção de informações são apenas alguns dos problemas mais comuns da vida diária, que funcionam como um véu escuro que parece obscurecer o funcionamento do cérebro. Esses sintomas, que a princípio podem parecer desconexos, formam uma rede cada vez maior de desconfortos que podem ser corrigidos ou amenizados – na maioria dos casos – com um simples hábito.

As evidências revelam uma ligação inesperada entre estas manifestações e um elemento que, embora vital para a existência, é muitas vezes esquecido: a hidratação. E o corpo humano, na sua busca pelo equilíbrio, não deixa nenhum detalhe passar despercebido. Precisamente, a relação entre falta de hidratação e saúde cerebral torna-se palpável nos sintomas já mencionados.

Poderíamos pensar que, pelo quanto falamos sobre a importância de nos mantermos hidratados e bebermos certa quantidade de água por dia, esses problemas seriam evitados. No entanto, poucas pessoas cumprem as recomendações.

Há algum tempo, pesquisadores da Harvard Medical School destacaram que a quantidade recomendada de água para consumir por dia varia entre quatro e seis copos, em vez de oito, como muitos acreditam. No entanto, a dosagem precisa é impossível de saber, pois, segundo os estudiosos, não pode ser feita uma recomendação que funcione para todos. A indicação vai depender da alimentação, do clima e do nível de atividade física que o indivíduo pratica.

Além disso, a Fundação Aquae – organização comprometida com o direito universal de acesso à água – revela que a diminuição de apenas 2 por cento de água no corpo pode causar perda momentânea de memória, dificuldade de matemática básica e problemas focados em uma tela de computador ou página impressa.

“O mecanismo da sede é tão fraco que 37% dos seres humanos costumam confundi-lo com fome. Porém, a desidratação é um problema sério”, afirma a instituição.

Efeitos no cérebro da desidratação

O cérebro depende muito de um equilíbrio adequado de fluidos para funcionar adequadamente.

— Quando o corpo está desidratado, o fornecimento de sangue ao cérebro diminui, o que pode afetar negativamente o desempenho cognitivo e a função cerebral em geral. A desidratação pode causar dificuldades de concentração, memória, processamento de informações e tomada de decisões — explica Matías Baldoncini, neurocirurgião da Universidade de Buenos Aires.

Além disso, alerta que o efeito prejudicial no cérebro não se limita a faixas etárias específicas, mas pode afetar pessoas de todas as idades, desde crianças até idosos. Porém, destaca que a sensibilidade à desidratação pode variar dependendo da idade e do estado geral de saúde de cada indivíduo.

— As sinapses, as conexões entre os neurônios, as células que os sustentam e cuidam, juntamente com todo o tecido nervoso, requerem água para funcionar adequadamente. Quando essa quantidade de líquido diminui, há diminuição do desempenho cognitivo, dificuldade de concentração, de tomada de decisões, e isso impacta na memória de longo prazo. Provoca irritabilidade, ansiedade, alterações de temperamento e cansaço mental, fazendo com que você se sinta mais cansado e menos alerta — afirma Alejandro Andersson, neurologista e diretor do Instituto de Neurologia de Buenos Aires.

Andersson explica que, diante da diminuição da água no corpo, o cérebro: retrai, puxa certas estruturas anatômicas, modifica o diâmetro dos vasos sanguíneos, puxa as meninges e reduz a função motora.

— Esta última acontece porque o cérebro desempenha um papel muito importante em toda a coordenação motora e no equilíbrio e na coordenação visual motora. Portanto, se você estiver desidratado, há maior probabilidade de sofrer um acidente — acrescenta.

A desidratação também causa redução de energia e confusão mental. Esta é a conclusão de um estudo publicado na revista Nutrients, que também indica que a hidratação frequente melhora a saúde do cérebro e previne a sonolência e a perda de memória.

Isso coincide com o que foi publicado em uma pesquisa realizada pelo The American College of Sports Medicine em que foi analisada a resposta dos participantes da amostra a intervalos de exercício físico em que estavam hidratados e em que não estavam. Graças à implantação de um scanner capaz de fazer uma imagem das alterações que aconteciam em seus órgãos, eles notaram que os ventrículos (duas câmaras inferiores do coração, uma do lado direito e outra do lado esquerdo) se expandiam se a água perdida não fosse reposta.

Uma manifestação contrária ao que acontece quando as pessoas se hidratam. Eles também descobriram que, no grupo desidratado, as áreas cerebrais que se iluminavam quando eram solicitadas a realizar uma tarefa mental apresentavam maior atividade; Porém, os resultados dos exercícios mentais foram piores. O que infere que o cérebro se esforçou mais na tarefa, mas não obteve resultados efetivos.

Quanto à reversibilidade do comprometimento cognitivo causado pela desidratação , em muitos casos os profissionais concordam que isso pode ser reversível quando a pessoa estiver adequadamente hidratada.

— Quando os níveis de fluidos no corpo são repostos, o fluxo sanguíneo para o cérebro é restaurado, o que pode melhorar rapidamente a função cognitiva — diz Baldocini.

No entanto, ele alerta que em casos extremos de desidratação prolongada ou grave, são possíveis danos cerebrais irreversíveis.

Como se prevenir da desidratação

Para prevenir ou evitar seus efeitos na função cerebral, os especialistas recomendam levar em consideração estas orientações:

  1. Beba bastante água. Mantenha o consumo regular de água ao longo do dia, mesmo que não sinta sede.
  2. Fique atento aos sinais de desidratação. Preste atenção a sinais como boca seca, urina escura e tontura, pois podem indicar desidratação.
  3. Aumente a ingestão de água em situações específicas: durante o exercício, em clima quente ou quando estiver doente.
  4. Inclua alimentos hidratantes na dieta. Comer alimentos ricos em água, como frutas e vegetais, também pode ajudá-lo a se manter hidratado.

Quem deveria ter mais cuidado?

— Principalmente aqueles atletas que praticam atividades físicas muito intensas e principalmente em climas quentes onde suam muito. Nestes casos existe o risco de desidratação e devem ingerir a quantidade de água e sais que o seu corpo necessita para poder continuar a funcionar. Assim como pacientes renais, diabéticos e pessoas que tomam diuréticos precisam ter cuidados redobrados — enumera Andersson.

Por fim, ele alerta que em locais com muitos idosos devem estar disponíveis os recursos necessários para manter as pessoas hidratadas – especialmente nas épocas quentes – visto que se trata de um grupo social que pode ter fortes consequências na saúde devido à falta de líquidos.

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