segunda-feira 20 de janeiro de 2025
Lira: atual presidente da Câmara teria mandado recado de que gostaria de ocupar a Pasta da Saúde, mas ele estaria sendo cogitado para ocupar a Agricultura — Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados - 19/12/2024
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segunda-feira 20 de janeiro de 2025 às 06:57h

Lula pode ceder pasta a Arthur Lira para tentar ‘neutralizar’ PP em 2026

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O presidente Lula da Silva (PT) começa a dar sinais de que está disposto a sacrificar nomes do próprio PT e aderir ao pragmatismo político como forma de se fortalecer para o projeto da reeleição. Nos últimos dias, após sinalizações de que a próxima reforma ministerial pode afetar aliados do partido, o Palácio do Planalto passou de acordo com Renan Truffi, Fabio Murakawa e Marcelo Ribeiro, do Valor, a desenhar possíveis cenários que incluem, inclusive, a possibilidade de convite para que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) seja um dos novos ministros.

Antes considerada improvável, a possível entrada de Lira no governo Lula tem relação com uma articulação voltada para a eleição presidencial do ano que vem. Na avaliação da cúpula do governo, a entrada do presidente da Câmara na Esplanada poderia abrir caminho para que o PP, um dos principais partidos do Centrão, adotasse discurso de neutralidade no pleito de 2026. Ou seja, seria uma forma de evitar que o partido de Lira embarcasse na chapa bolsonarista no ano que vem.

Neste sentido, o jornal Valor publicou que o governo tem enviado emissários há algum tempo para tentar agendar uma conversa entre Lula e o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira (PI), que já foi próximo ao presidente petista, mas se tornou um ferrenho opositor recentemente. A ideia é justamente sondá-lo para tentar um armistício, aproximação a que Lira poderia dar suporte por ser próximo de Nogueira.

Mas, na avaliação de parlamentares do Centrão, a mera entrada de Lira na Esplanada não seria suficiente para melhorar a relação entre o Planalto e o Congresso. Para eles, Lula precisa reequilibrar a distribuição de ministérios entre representantes da Câmara e do Senado. Um importante aliado de Lira avalia ainda que Lula precisa melhorar o diálogo com o Congresso e terceirizar menos a comunicação do Executivo com os parlamentares.

A sinalização de que o governo vai adotar uma veia mais pragmática para ter estabilidade nos últimos dois anos de mandato não é algo novo nas gestões Lula. O presidente petista fez caminho similar após o escândalo do mensalão, que eclodiu em 2005 e derrubou o então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Na época, após conseguir se reeleger em 2006, Lula sacrificou integrantes do próprio PT e de outros partidos de esquerda, como o PSB, para abrir espaço para legendas ao centro e à direita, como o MDB e o PR (antigo Partido da República, que se transformou no atual PL).

Presidente Lula busca um espaço para o senador Rodrigo Pacheco no Ministério

Desta vez, o foco é trazer Lira para dentro do governo para tentar dar estabilidade a Lula no Congresso. De acordo com auxiliares do presidente, há um temor de que o deputado alagoano fique “muito solto” – nas palavras de uma fonte – após deixar a presidência da Câmara a partir de fevereiro. Por ser uma espécie de “primeiro-ministro” do Centrão, Lira poderia ficar insatisfeito rapidamente e, sem um cargo específico, dedicar energia para articular seu grupo contra as pautas do governo.

A partir desse diagnóstico, o desafio dos últimos dias tem sido encontrar uma pasta de que o governo aceite abrir mão e, ao mesmo tempo, seja interessante o suficiente para atrair Lira. Inicialmente, ele teria enviado recado que o Ministério da Saúde seria seu destino de preferência, mas o Palácio do Planalto não quer abrir mão do controle dessa pasta, hoje sob o comando de Nísia Trindade.

Por conta disso, o governo avalia ceder o Ministério da Agricultura a Arthur Lira. Isso, porém, implica em outro desafio da reforma ministerial: resolver a insatisfação com os espaços cedidos ao PSD da Câmara no governo. A bancada do partido já declarou que não está mais contente com o controle do Ministério da Pesca, cujo ministro é André de Paula (PSD-PE).

Além disso, o atual titular da Pasta é Carlos Fávaro, integrante do próprio PSD e que tem sido alvo de constantes ataques do Centrão. Por conta desse xadrez, o Valor apurou que Lula deve se encontrar também com o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, nos próximos dias.

Interlocutores de Lira pontuam que o alagoano ainda não foi formalmente sondado para uma posição na Esplanada dos Ministérios. O entorno do deputado do PP acredita que ele aceitaria integrar o time de Lula sob a condição de ter autonomia para montar sua equipe e, principalmente, “tinta na caneta”.

Os rumos da reforma ministerial também vão passar pelo destino de outro nome do Congresso. Depois de Lira, o segundo dessa lista é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). O presidente da República quer achar um espaço para o senador mineiro na Esplanada também tendo a eleição de 2026 como horizonte. O motivo é que para Lula conseguir a reeleição é precisa ter um bom palanque em Minas Gerais, Estado que costuma ser estratégico em pleitos presidenciais.

Isso quer dizer que o convite para que Pacheco assuma um ministério está condicionado a um acordo para que ele também saia como governador de Minas em 2026. O principal obstáculo nessa construção é que o próprio presidente do Senado estaria resistindo a essa proposta.

No caso de Pacheco, a primeira sondagem era para que ele ocupasse o Ministério da Justiça, mas essa possibilidade vem perdendo força no Palácio do Planalto.

Diante disso, a entrada de Pacheco pode estar atrelada à saída do atual ministro da Defesa, José Múcio. Caso ele abra mão do cargo, o entorno de Lula cogita uma negociação para que o vice-presidente Geraldo Alckmin, que acumula o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), migre para a Defesa. Isso abriria espaço para Pacheco assumir o Mdic.

Procurados, Lira, Pacheco, Kassab e Nogueira não se manifestaram.

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