De óculos escuros, na piscina de sua cobertura na Lagoa, na zona sul do Rio de Janeiro, o ex-governador Sérgio Cabral dá dicas de filmes “imperdíveis” para seus 47 mil seguidores no Instagram. “Compartilho com você três filmes que me marcaram muito. Para para vê-los. Ficamos sempre melhores depois de uma obra-prima”, escreveu nesta última sexta-feira (17) ao publicar o vídeo.
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Último político a deixar a prisão na Operação Lava Jato, Cabral retomou a rotina quase como antes – não fosse a tornozeleira eletrônica que ainda é obrigado pela Justiça a usar, mas que não o impede de se movimentar livremente pela cidade. Pedidos da defesa do ex-governador para revogar o monitoramento estão pendentes.
Desde março de 2023, Sérgio Cabral aderiu às redes sociais e virou uma espécie de “blogueiro”. Semanalmente, publica recomendações de leituras, músicas ou filmes para os seguidores. Também registra reuniões em família e a rotina de exercícios. Não há aparições de políticos nos perfis do ex-governador, salvo quando ele próprio posta registros do passado.
Nas redes de Cabral, há também espaço para comentários sobre temas políticos, mas foi a publicação na piscina de sua cobertura que gerou comoção. A ONG Transparência Internacional afirmou que Sérgio Cabral “ostenta o que o Estado não foi capaz de recuperar do que roubou”.
O ex-procurador Deltan Dallagnol, que coordenou a força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, também reagiu ao vídeo. Disse que o ex-governador está “livre, leve e solto, agora como blogueiro”.
As condenações de Cabral chegam a 430 anos de prisão. Nenhuma delas transitou em julgado, ou seja, há recursos pendentes. Algumas foram anuladas pela Justiça Federal. O ex-governador passou seis anos preso, entre 2016 e 2022.
“Os crimes de Sergio Cabral causaram mortes, imenso sofrimento humano, atraso e pobreza. Foram 101 milhões de dólares recuperados em contas no exterior, quase um bilhão de reais do Rio de Janeiro desviados para seu bolso. Hoje ele ostenta o que o Estado não foi capaz de recuperar do que roubou. Um dos maiores corruptos da história do país, condenado em 23 processos a mais de 400 anos de prisão, cumpriu apenas 6. Ele ri na cara da Justiça e do povo brasileiro”, postou a Transparência Internacional – Brasil.