A Polícia Federal deve enviar a investigação segundo reportagem de Caio Crisóstomo, da Folhapress, sobre suposto desvio de emendas parlamentares em contratos do Dnocs (Departamento Nacional de Obras Contra Secas) ao Supremo Tribunal Federal (STF) após menção ao deputado federal Elmar Nascimento, líder do União Brasil na Câmara.
O caso tramita na 2ª Vara Federal Criminal da Bahia, que autorizou a deflagração da Operação Overclean, que prendeu ao menos quatro suspeitos.
A Folha tentou contato por telefone e enviou mensagens ao parlamentar e a sua assessoria, mas não houve resposta. O STF informou que, por ora, não recebeu nenhum processo.
Na Operação Overclean, foram presos os empresários e irmãos Alex Rezende Parente e Fabio Rezende Parente, o também empresário do ramo de limpeza urbana José Marcos de Moura, conhecido como Rei do Lixo, além de Lucas Lobão, que comandou o Dnocs na Bahia durante o governo Jair Bolsonaro (PL).
Durante as buscas, a PF localizou dentro do cofre do empresário conhecido como Rei do Lixo documento de transação de um imóvel de uma empresa que Elmar tem participação societária.
Em 19 de dezembro, a juíza Daniele Maranhão, do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), revogou as prisões preventivas realizadas na primeira fase da operação. A magistrada determinou que os suspeitos usem tornozeleira eletrônica e não mantenham contato com outros investigados.
Até o momento, Elmar não é tratado como investigado no inquérito, apesar de ter sido citado no meio das investigações. Porém o envio do processo ao STF sinaliza que os investigadores da PF identificaram novos elementos que levantam suspeitas contra o parlamentar.
Na primeira fase da Operação Overclean, um primo de Elmar, o vereador no município de Campo Formoso (410 km de Salvador) Francisco Nascimento, foi preso sob suspeita de ser integrante do esquema criminosa. No momento da ação, ele jogou dinheiro pela janela.
As investigações apontam um desvio de R$ 1,4 bilhão em contratos fraudulentos e obras superfaturadas da Dnocs, uma autarquia federal vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional.
O inquérito policial foi instaurado na Superintendência da Polícia Federal na Bahia a partir de notícia-crime da CGU (Controladoria-Geral da União), que apresentou uma série de suspeitas de irregularidades em contratos firmados entre a coordenação do Dnocs na Bahia e a empresa Allpha Pavimentações e Serviços de Construções Ltda.
Como mostrou o UOL, emendas parlamentares de Elmar teriam abastecido empresas ligadas à Allpha e aos investigados.
Em dezembro, os agentes da PF que atuam na operação apreenderam R$ 1,5 milhão em jatinho que ia de Salvador para Brasília. Segundo a polícia, o dinheiro era propina destinada a servidores.
De acordo com as investigações, Alex Rezende e Lucas Lobão “utilizavam modal aéreo para transportar valores em espécie” e teriam sido monitorados desde o hangar em Salvador até Brasília, onde foram abordados pelos agentes.