A BYD anunciou nesta quinta-feira (16) que encerrou oficialmente o contrato com a construtora chinesa Jinjiang após denúncias de que os trabalhadores na obra da fábrica de Camaçari, região metropolitana de Salvador, estavam sofrendo maus tratos.
Foi contratada uma construtora brasileira que será responsável pelos ajustes exigidos pelo Ministério do Trabalho, visando à suspensão dos embargos parciais na obra. O nome da construtora e o plano de ação serão divulgados nos próximos dias.
Como parte dos ajustes, a empresa afirmou que todos os trabalhadores das construtoras contratadas para a obra almoçam no refeitório e recebem as refeições de acordo com as regras trabalhistas. O espaço é o mesmo usado pelos colaboradores da BYD em Camaçari.
“Na audiência com as autoridades no último dia 07 de janeiro, foram apresentadas diversas medidas tomadas pela BYD. O contrato com a Jinjiang já foi rescindido e todos os trabalhadores mencionados na notificação de 23 de dezembro retornaram à China. A Jinjiang informou que realizou o pagamento de todas as verbas rescisórias, de acordo com as exigências das autoridades brasileiras”, afirmou a companhia em nota.
Criação de comitê de compliance
A empresa também comunicou que criou um comitê de compliance para acompanhar a obra da nova fábrica, que está prevista começar a montagem dos veículos ainda em 2025. Ele é formado por representantes da empresa, escritórios de advocacia, especialistas em direito trabalhista e segurança do trabalho, além de um consultor independente, que estão se reunindo periodicamente para acompanhamento e cumprimento da legislação brasileira.
Saiba mais sobre o caso
No último dia 23 de dezembro, o Ministério Público do Trabalho da Bahia realizou uma operação para resgatar 163 operários que trabalhavam em condições análogas à de escravos na obra da montadora. Também foram interditados alojamentos e trechos do canteiro de obras.
Os alojamentos onde os trabalhadores dormiam tinham graves problemas de estrutura. Havia somente um banheiro para cada 31 funcionários, o que os obrigava a acordar 4h para formar fila e conseguir se preparar para sair ao trabalho às 5h30. Além disso, eles não eram separados por sexo, não possuíam assentos sanitários adequados e apresentavam condições precárias de higiene. A ausência de local apropriado para lavagem de roupas levava os trabalhadores a utilizar os próprios banheiros para esta finalidade.
Em um dos quartos, ocupado por uma cozinheira, foram encontradas panelas com alimentos preparados deixadas abertas no chão, expostas a sujeira e sem refrigeração, para serem servidas no dia seguinte. Os trabalhadores consumiam água diretamente da torneira, sem tratamento, inclusive levando-a em garrafas para o local de trabalho.