Ao assumir a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), o ministro Sidônio Palmeira afirmou que suas prioridades serão levar a informação do Governo Federal como uma “prestação de serviços para melhorar a vida das pessoas”, e fazer com que as realizações e serviços da administração cheguem ao conhecimento popular. O presidente Lula da Silva (PT), presente à cerimônia de posse, não discursou.
Ainda segundo Palmeira, a comunicação é uma ferramenta em defesa da democracia, ameaçada, segundo ele, pelas mentiras disseminadas em escala global pela extrema direita. O ministro classifica as fake news como “ameaça à humanidade”.
Para ele, medidas como as anunciadas pela empresa Meta, que decidiu romper com os serviços independentes de checagem de dados, “afrontam os direitos fundamentais e a soberania nacional, promovendo um faroeste digital”. A empresa controladora de redes como Facebook e Instagram respondeu na noite desta segunda-feira à notificação da Advocacia-Geral da União sobre a suspensão dos serviços de checagem de fatos. Segundo a Meta, o programa de verificação de fatos independente será encerrado apenas nos Estados Unidos.
A verdade como antídoto
Ao garantir que a Secom vai participar da tarefa de regulamentação das plataformas digitais, Palmeira defendeu que as estratégias para combater as fake news e a desinformação devem ter como pilar a verdade, denotando que a obsessão pela rapidez deve ter papel menor no processo comunicacional. “A verdade, por mais lenta que pareça, é o único antídoto contra a velocidade da mentira”.
O novo ministro afirmou também que a comunicação do Governo não é uma tarefa exclusiva da Secom. “Não deve ser apenas compreendida por todos, a comunicação deve ser compartilhada por todos”, disse ele. Em outra declaração de seu discurso, previamente escrito, Sidônio deixou entrever sua preocupação com o lado prático do processo comunicacional: “Em vez de teorizar, de levar a comunicação para o divã, devemos fazer parte dela”.
O publicitário, que disse nunca ter feito planos de assumir um cargo público, afirmou ter aceitado o desafio por força da inspiração vinda do próprio Lula, com quem trabalhou na campanha eleitoral de 2022. Segundo Sidônio, Lula tem “a biografia viva mais inspiradora que eu conheço”, e contou que costuma usar o exemplo do presidente como motivação para os profissionais de sua equipe, pela “obstinação e força renovadas todo o dia”. Para o novo ministro, sua razão maior para o novo cargo é “a força de estar do lado certo da história”
O desafio principal no comando da comunicação do Governo Federal, na opinião de Palmeira, é poder fazer as informações chegarem até a maioria do público. Para ele, o Governo tem realizado muito, e bem. “Em apenas dois anos, seu governo arrumou a casa”.
Palmeira também destacou que pretende colocar a Secom como parte ativa da definição de políticas públicas, e não apenas divulgá-las após sua elaboração. Para ele, a comunicação deve ser “a enzima que liga a política à gestão”.
Pimenta destaca sua trajetória
O deputado federal e ex-ministro da Secom, Paulo Pimenta, defendeu sua atuação à frente da pasta, lembrando que o ministério havia sido extinto pelo governo anterior. Pimenta disse que os dois anos de sua gestão foram marcados pela reconstrução da estrutura e das relações do Governo Federal com os demais agentes do ambiente comunicacional do País. Destacou a reconstrução da EBC como uma das realizações.
O ex-ministro procurou explicitar que recebe com tranquilidade e espírito cooperativo a nomeação de Sidônio Palmeira. “Vamos dar um salto na qualidade desse trabalho”, disse. Afirmou que sempre teve “carta branca do presidente Lula”, a quem disse ter profunda admiração e respeito. “Faço parte de uma geração que tem o privilégio de conviver com o senhor”.
Lembrando ter conhecido Lula numa reunião realizada com estudantes da Universidade Federal de Santa Maria, em 1983, quando tinha 18 anos, Pimenta destacou ser um “petista raiz” e que tem acompanhado e defendido, desde então, a trajetória do presidente e do partido ao qual pertencem, em momento bons e difíceis.